Debaixo dos nossos pés, a 700 quilômetros de profundidade, os cientistas da Universidade Northwestern revelaram um segredo que sacode as fundações da ciência geológica: um vasto oceano subterrâneo. Não o oceano que conhecemos, aquele que banha nossas praias, mas um reservatório oculto, embutido nas entranhas da Terra, muito antes dos primeiros cometas bombardearem nosso planeta com suas preciosas gotas d’água.

É como se a Terra, guardando seu mistério há bilhões de anos, finalmente sussurrasse algo que ninguém ousava ouvir: “Eu já tinha minha própria água.” Este oceano invisível, escondido nas camadas de minerais do manto terrestre, faz o antigo mito da Terra seca, à espera de cometas salvadores, parecer uma fábula mal contada.

Os terremotos, com sua dança sísmica, entregaram o jogo. Ondas que tremiam, desaceleravam e denunciavam o que as rochas tentavam esconder. Uma técnica de sismologia moderna revelou essas lentidões suspeitas nas profundezas, como um detector de mentiras geológicas, sugerindo que grandes volumes de água ali repousavam, pressionados em formas cristalinas, num mundo onde a vida humana jamais pisará.

E agora? Que outras verdades estão escondidas por baixo de nós? O fato de que há um oceano tão vasto quanto o que vemos na superfície, aprisionado em regiões tão inacessíveis, obriga-nos a repensar tudo o que sabíamos sobre a evolução da Terra. A água, essa velha companheira, sempre esteve lá, silenciosa, esperando ser descoberta.

Por Antonio Glauber Santana Ferreira — Japaratuba-SE