O pobre de direita é uma figura curiosa no cenário político-social brasileiro. É alguém que, mesmo esmagado pelas engrenagens do sistema, levanta a bandeira dos donos do poder com uma convicção admirável. Ele é como um pássaro em uma gaiola de ouro, admirando as grades que o mantêm preso, acreditando que um dia vai receber a chave da liberdade diretamente das mãos do seu opressor.

Nas discussões de bar, lá está ele, defendendo o corte de direitos, a redução do salário mínimo e até mesmo a privatização do que lhe pertence. Talvez acredite que, ao se alinhar aos interesses das elites, conquistará uma poltrona na sala de jantar dos poderosos, sem perceber que está fadado a servir o café no máximo.

E quando questionado sobre essa escolha aparentemente contraditória, ele responde com o orgulho de quem leu meia dúzia de manchetes, bradando que “o mercado sabe o que é melhor para todos”. Suas aspirações são como o voo de um balão furado, que nunca sobe, mas ele persiste, inflando-o com discursos vazios e promessas que não se cumprem.

No fim, o pobre de direita é o retrato mais emblemático da contradição política. Ele acredita que, ao defender o topo da pirâmide, algum dia subirá até lá. Mal sabe ele que os degraus que tenta subir foram serrados há muito tempo – pelos mesmos que ele escolheu apoiar.

Por Antonio Glauber Santana Ferreira — Japaratuba-SE