CRÔNICA
Crônica do Professor Antônio Glauber sobre as notícias do dia 10 de novembro de 2024
Folia, Provas do ENEM e Polêmicas: 10 de novembro em Ritmo de Pré -Caju e Contrastes"
“Entre Sambas e Equações: O Brasil e o mundo em um Desfile de Contradições”
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Por Antonio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE
O Brasil, em plena primavera de novembro, parece ter se rendido a um frenesi que só os trópicos sabem oferecer. Enquanto os foliões dançavam ao som de Bell Marques, Aline Rosa, Léo Santana e Luiz Caldas na Orla da Atalaia, a maré de suor e purpurina lavava os rostos dos últimos resistentes no Pré-Caju. E assim, entre um “Vai Safadão” e um “Segura o Tchan”, Aracaju entregou-se ao desatino da alegria em meio ao calor que só um termômetro raivoso de 31 graus poderia explicar.
Mas nem só de folia vive a capital sergipana! Num universo paralelo, milhares de jovens guerreiros, armados com canetas pretas e apostilas sublinhadas, enfrentavam outro tipo de carnaval: o Enem, aquele bloco onde a matemática samba na cara de todos e as ciências da natureza derramam suor na testa dos estudantes. O segundo dia de prova foi um verdadeiro “Desafio dos Titãs” — e não me refiro ao trio elétrico, mas à batalha campal dos candidatos contra a equação do segundo grau e as leis da termodinâmica.
Enquanto isso, em outras esquinas da cidade, o serviço de coleta de entulhos estava em plena operação. Em tempos de economia circular e discursos sustentáveis, nossos conterrâneos aproveitavam para fazer aquela faxina nas tralhas acumuladas. Afinal, o que não se pode reciclar, joga-se na porta e espera-se a mágica da coleta urbana. Um verdadeiro desfile de móveis velhos, sofás desbotados e TVs de tubo, aguardando sua última chance de protagonizar o “Carrossel da Sustentabilidade”.
Do outro lado do mundo, nas terras da Grande Muralha, a China continua a ser a fábrica de sonhos — e, pelo visto, também de fumaças proibidas. O mercado negro dos vapes faz a festa por aqui, mesmo com a Receita Federal em um verdadeiro jogo de gato e rato, tirando de circulação mais de 300 mil desses pequenos dragões eletrônicos que teimam em soltar fumaça por todos os lados. E o Brasil, com sua peculiar habilidade de legislar e fiscalizar, continua na corda bamba entre o proibido e o tolerado.
Já no território das polêmicas, o Supremo Tribunal Federal prepara o tabuleiro para um julgamento que promete estremecer os alicerces da fé pública: símbolos religiosos em órgãos públicos. Será que o crucifixo da sala de audiências será removido junto com a poeira da Justiça? Ou será que ainda veremos São Jorge, espada em punho, protegendo as repartições dos dragões burocráticos? A ironia é que, no país da miscigenação religiosa, onde se reza para todos os santos e orixás, a discussão sobre o Estado laico parece um samba do crioulo doido que ninguém consegue entender direito.
Enquanto isso, na Colômbia, o presidente Petro parece dançar uma salsa molhada, decretando “situação de desastre” em meio a chuvas torrenciais que transformaram ruas em rios e fizeram as telhas dos pobres colombianos virarem jangadas. E pensar que, na capital Bogotá, o problema é o inverso: falta água para lavar até a alma.
Na Alemanha, o chanceler Scholz, com uma mão no coração e outra no parlamento, estaria disposto a submeter-se a um voto de confiança. Parece até roteiro de novela, onde o protagonista, cercado de intrigas, decide testar sua popularidade para ver se continua na trama ou será cortado da próxima temporada.
O Haiti, coitado, continua preso no labirinto de uma democracia que mal sabe andar. O Conselho de Transição destituiu o premier, enquanto a população segue tentando entender quem realmente manda na ilha. Garry Conille foi trocado como quem muda de estação de rádio: sem saber se é para melhorar a música ou aumentar o barulho.
E, para fechar com chave de ouro, o Flamengo, que parece ter um pacto com os deuses do futebol, sagrou-se pentacampeão da Copa do Brasil. Em um jogo onde o Atlético-MG se viu enredado na teia rubro-negra, um golaço de cobertura — digno de capa de revista — selou a vitória. Gonzalo Plata, com a calma de quem passeia na praia, decretou a festa flamenguista em mais uma noite em que o futebol teve uma festa de êxtase.
Ah, quase me esqueço dos terremotos em Cuba! Sim, a Mãe Natureza, insatisfeita com a quietude da ilha caribenha, decidiu chacoalhar as placas tectônicas como se fosse um experimento de laboratório. Será que é um aviso de que até as pedras têm o direito de protestar? Afinal, em um mundo onde tudo treme — da política à economia —, por que o solo não teria o direito de dar sua sacudida?
E assim, caros leitores, termina mais um dia na terra do sol, suor, estudo e samba. O Brasil, com sua eterna capacidade de rir e chorar ao mesmo tempo, segue seu desfile pela passarela da vida, enquanto nós, meros mortais, tentamos entender se estamos no meio de uma tragédia ou de uma comédia.
Até a próxima, porque, como diria o velho poeta: “O show não pode parar!”