CRÔNICA
Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 08 de novembro de 2024
O palco de notícias do dia 08 de novembro
As notícias do dia 08 de novembro de 2024
Por Antonio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE
Hoje o palco das notícias trouxe um enredo quase teatral, onde os personagens desfilam entre labaredas, cinzas e diálogos que parecem saídos de uma comédia de costumes, mas com pitadas dramáticas dignas de uma tragédia grega.
Logo na primeira cena, o Corpo de Bombeiros de Sergipe surge como o porteiro rigoroso de um prédio luxuoso, que, ao ver a entrada de novos veículos elétricos, grita: “Aqui não!” Pois é, a ordem é clara: postos de carregamento nos interiores? Só quando o manual de boas maneiras estiver completo e revisado. E lá se vão os carros elétricos para a rua, como se fossem intrusos em um baile de gala onde o traje é meticulosamente exigido. Uma ironia, não? Em tempos de avanço e tecnologia verde, ficamos presos a normas como um personagem que chegou antes da hora na festa do futuro.
Corta para o gabinete da recém-eleita prefeita Emília Corrêa, que faz um tête-à-tête com o governador. A pauta? Transporte público, revitalização da Orla Sul, sonhos e promessas, promessas e sonhos. No teatro político, Emília e o governador dançam a valsa da diplomacia, girando entre licitações e revitalizações. Será que esses movimentos vão ser o espetáculo que o público tanto espera? Ou, mais uma vez, os bastidores vão engolir as promessas antes mesmo de elas verem a luz do palco?
Enquanto isso, Alexandre de Moraes decide que Domingos Brazão, o réu ilustre, continua na cela. O veredicto ecoa como o gongo da justiça, aquele que muitos ouvem, mas poucos acreditam que ressoa igualmente para todos. Num país onde a liberdade é oferecida ao peso do bolso e do sobrenome, a manutenção da prisão soa quase como um lampejo de que, talvez, só talvez, o roteiro possa, enfim, surpreender o espectador.
E o presidente Lula? Este parece um maestro regendo uma orquestra em que cada músico insiste em tocar seu próprio solo. De encontro em encontro, ele tenta arrancar dos ministros uma sinfonia de cortes, como se orquestrar o descompasso das contas públicas fosse tão simples quanto um ensaio de última hora. Mas o buraco de R$ 105,2 bilhões está longe de ser um acorde harmonioso — é um tom dissonante, que desafina o bolso e ecoa no bolso do cidadão.
Enquanto isso, em Brasília, os parlamentos do G20, com uma união digna de corais épicos, clamam por inclusão social e proteção ambiental, mas a Argentina resolve desafinar, saindo pela tangente. E lá se vão os sonhos de um mundo mais justo, flutuando como fumaça, deixando a sensação amarga de que, enquanto alguns ensaiam um futuro melhor, outros preferem o velho e conhecido refrão.
E então vem o STF, com sua batuta jurídica, autorizando novos servidores sem estabilidade. Como um mágico, ele nos apresenta a cartola da flexibilização, onde a ilusão é de que algo grandioso sairá dela — até percebemos que, no fundo, tudo é para reduzir custos. Quem sabe o futuro servidor verá o trabalho público como um circo, onde os artistas entram e saem ao sabor do contratante, sem aplausos ou bilhete para o próximo espetáculo.
Do outro lado do mundo, o tumulto é internacional. Nos EUA, a posse de Trump não merece sequer a presença de Lula; apenas um telefonema, um aperto de mãos simbólico, como dois chefes de tribos trocando acenos de longe. E na Bolívia, o Congresso vira feira, com tomates voando entre os discursos como se Evo Morales e Arce fossem personagens de um filme de comédia pastelão. A política vira circo, e a plateia ri… para não chorar.
Mas é em Gaza que a emoção atinge seu ápice. Os números da ONU, gélidos e tristes, revelam que quase 70% dos mortos são mulheres e crianças, e o palco que deveria ser da vida torna-se o último ato para os mais inocentes. Do menino de um dia à mulher de 97 anos, as cortinas caem sem aplausos, enquanto a guerra insiste em manter seu espetáculo macabro.
E na Indonésia, um vulcão desperta, como se a Terra, cansada de ser palco para nossas comédias e tragédias, quisesse também seu momento de fúria. Uma coluna de cinzas se eleva aos céus, como um grito, um protesto, lembrando que, enquanto estamos ocupados em nossos teatros políticos, a natureza guarda o poder de nos mostrar quem é, de fato, o diretor dessa peça.
Hoje, as notícias são um espelho da nossa condição: seres pequenos em busca de grandes enredos, mas sempre à mercê das reviravoltas. No fim, fica a pergunta: até quando seremos espectadores desse drama?