CRÔNICA
Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 04 de novembro de 2024
Notícias navegando entre vacinas e satélites, entre postes e TikToks .
As Manchetes do dia 04 de novembro de 2024
Por Antonio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE
O dia 4 de novembro surge como aquele caleidoscópio de fatos e figuras, cada notícia mais irônica que a outra, cada decisão mais criticável que a última. Aqui, a política brasileira dança sua valsa da transição, e não é a troca de passos de dois bailarinos em sintonia, mas um “dois pra lá, dois pra cá” meio desafinado. Emília e Edvaldo, de mãos dadas pela cidade, prometem uma transição suave – uma espécie de quadrilha em que os pares trocam sorrisos para as câmeras enquanto a plateia questiona se há sinceridade por trás das máscaras. E nós, espectadores atentos, tentamos identificar se a cena é o prenúncio de uma nova peça ou apenas o rearranjo dos mesmos personagens em novo figurino.
Enquanto isso, o velho Zé Gotinha se aposenta da sua jornada de gotículas. Não foi por escolha própria, é claro. Nosso saudoso personagem, que atravessou gerações como uma doce gota de proteção, cede lugar a uma seringa pragmática. Adeus, doçura líquida; agora o caminho é direto na pele. Será que Zé Gotinha vai se contentar com seu novo papel de mero embaixador, afastado do protagonismo? Ou ele se rebelará e voltará em nova forma, talvez numa máscara de super-herói, para nos lembrar que proteção pode ser também um ato de afeto? O Ministério da Saúde afirma que ele continuará por aí, mas sabemos que a cada injeção é uma parte de nossa infância que nos damos ao luxo de enterrar.
E no céu estrelado, Elon Musk observa a Terra com seu exército de satélites. Mas agora, Brasil e China se aliam para cortar os cabos de sua dominação intergaláctica. A guerra das estrelas nunca esteve tão real, e a trama soa como um romance distópico: um bilionário que monitora o mundo lá do alto e dois países que resolvem colocar sua própria antena nesse universo de vigilância. Será que, nesse embate tecnológico, há espaço para um Zé Gotinha virtual? Quem sabe! Ou será que no espaço não há lugar para heroísmos infantis? A verdade é que a independência digital parece o novo sonho de consumo, e o desejo de escapar do império de Musk é quase tão nostálgico quanto nossas velhas gotinhas de vacina.
Por aqui, ainda em solo firme, há uma disputa mais terrena: a batalha pelos postes. Pois é, senhores e senhoras, chegamos ao ponto em que até os postes de energia demandam regulamentação urgente, vítimas de pilhagens e invasões ilegais, esquecidos como meros suportes de fios caóticos. Cabos roubados, postes saqueados, tudo sob o olhar resignado da Aneel, que ensaia um último suspiro por regras, mas sem saber se haverá energia suficiente para mover essa engrenagem regulatória. Seria cômico, se não fosse tão trágico, assistir a uma nação que precisa proteger até o que deveria ser intocável, enquanto o roubo de cabos nos lembra que, talvez, sejamos todos Zés Gotinhas desprotegidos à mercê da pirataria cotidiana.
E o TikTok, aquele palco onde adolescentes dançam e deslizam o dedo sobre telas infinitas, agora enfrenta acusações pesadas. O tribunal dos pais acusa: “vocês expuseram nossas crianças ao precipício, num show sombrio de autoexposição”. Sete famílias clamam justiça para suas perdas irreparáveis, enquanto a sociedade digital reflete sobre a vulnerabilidade exposta em cada clique. O palco virtual virou arena de julgamentos, onde o espelho da rede social já não reflete só danças, mas as profundezas obscuras de um mundo que deixou o humor e o entretenimento de lado para flertar com a angústia. O drama familiar que agora se desenrola na justiça é um lembrete de que, no fundo, somos todos navegantes tentando entender o que há além do “like” e da “visualização”.
E no palco político norte-americano, o “sonho americano” ecoa entre torres de fracking e promessas vazias. A Pensilvânia está dividida: um país rachado entre o desejo de progresso econômico e a realidade de uma natureza exaurida. Metade apoia, outra metade desconfia, mas a paisagem segue mudando, como um campo de batalha onde a natureza e o capitalismo se digladiam. É, talvez, a imagem de um mundo moderno que se questiona entre o imediatismo dos lucros e a sobrevivência a longo prazo. E enquanto a América discute, o planeta observa, com a respiração suspensa, se a próxima geração será tão afortunada em pisar numa terra ainda verde.
Enfim, a segunda-feira veio carregada de surpresas, ironias e tramas dignas de ficção. E nós, simples espectadores dessa ópera cômica, navegamos entre vacinas e satélites, entre postes e TikToks, na tentativa de compreender onde essa dança nos levará.