CRÔNICA

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 1º de novembro de 2024, Dia de Todos os Santos

Notícias vestidas de concursos, jogos, promessas e destruição, desfilando no palco onde a humanidade segue seu caminho, oscilando entre o sagrado e o profano, entre a esperança e a dúvida, entre a paz e a guerra.

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 1º de novembro de 2024, Dia de Todos os Santos
Publicado em 02/11/2024 às 14:10

Noticiário do dia 1º de novembro de 2024, Dia de Todos os Santos

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Por Antonio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE


Enquanto os santos marcham nos altares, a terra parece rugir com as ironias de seus filhos mortais. No palco das manchetes, o governador de Sergipe, Fábio Mitidieri, anuncia concursos públicos, num gesto que soa quase como oferenda ao altar da burocracia. São vagas, promessas de um futuro melhor… Mas será que o céu administrativo abrirá espaço para todos os novos eleitos? Ah, Sergipe, tão sedento por reforços e reformas! Se o Estado fosse um santo, talvez clamasse por milagres e não por mais formulários.

Na CBF, outro espetáculo: Dorival Jr., o sumo sacerdote do futebol, convoca a seleção para os últimos rituais do ano. Contra a Venezuela e o Uruguai, nosso futebol tenta manter o nome em alta, rezando para que não nos falte talento em campo. Será que a seleção, quarta colocada, segue abençoada ou está mais para um mártir do futebol sul-americano, lutando por seu lugar no céu do esporte? Cada jogo parece uma reza, cada gol, um milagre, e o torcedor… bem, o torcedor segue firme, na fé e na devoção.

Enquanto isso, trabalhadores da Energisa sofrem um acidente, e a empresa lamenta como quem acende uma vela, mas sem derramar muitas lágrimas. A luz se apaga para alguns, mas quem sabe acenderá para outros? Em algum canto, a energia que faltou no coração da empresa ecoa nos hospitais, onde os feridos seguem em observação, com mais esperança do que respostas.

O governo acena com uma bolsa de R$ 500 para incentivar futuros professores. Uma esmola ou um estímulo? A profissão, que deveria ser sagrada, parece esquecida entre as contas e as frustrações de quem se doa à educação. Se o magistério fosse uma santa, talvez usasse um véu de resignação, sobrevivendo à espera de um milagre maior que o salário.

E na Fuvest, o altar da academia abre suas portas para 107.330 almas, incluindo jovens ‘treineiros’ que, com fervor, buscam a bênção de uma vaga na USP. A maratona da educação superior no Brasil é quase um calvário, onde só os mais resistentes chegam ao fim. Quem sabe ali, entre provas e cadernos, nasça um futuro santo da sabedoria, um revolucionário ou, ao menos, um sonhador menos desiludido.

Na esfera do consumo, a Secretaria do Consumidor convoca as bets para prestar contas. Apostadores devotos que acreditam na sorte encontram, talvez, um tanto de desilusão. Os lucros rápidos atraem, mas será que esses milagres digitais respeitam as regras sagradas do código de defesa?

Lá do outro lado do mundo, o presidente Lula sugere um “referendo” sobre os territórios na Ucrânia. Uma proposta que soa como um grão de sal num oceano de conflitos. Referendo? Talvez pareça utopia numa terra onde os votos de paz são abafados pelo som dos canhões. E em Valência, Espanha, a natureza cobra sua fatura com enchentes que levaram mais de 200 vidas. Se a chuva fosse santa, sua força seria tanto salvação quanto condenação, num paradoxo que a terra nunca cansa de repetir.

Em outra página da história, o maior crocodilo em cativeiro do mundo deixa este plano aos 110 anos. Cassius, a fera, se despede, levando consigo um pedaço de nossa fascinação pela força selvagem. Um predador que, por fim, encontrou a paz – a única coisa que talvez nunca conheceu.

E o mundo ainda segue com os conflitos no Oriente Médio, como uma velha ferida que se recusa a cicatrizar. Israel bombardeia Beirute, e o Líbano acusa a rejeição de um cessar-fogo, cada lado firmando sua fé, mesmo que esta leve à destruição.

No final do dia, talvez os santos do calendário olhem para nós com uma compaixão amarga. Somos frágeis demais, mesmo quando nos sentimos poderosos. Entre concursos, jogos, promessas e destruição, a humanidade segue seu caminho, oscilando entre o sagrado e o profano, entre a esperança e a dúvida, entre a paz e a guerra.
Saudações do amigo ,
Antonio Glauber Santana Ferreira