CRÔNICA

Crônica do Professor Antônio Glauber sobre as notícias do dia 30 de outubro de 2024

Crônica do Professor Antônio Glauber sobre as notícias do dia 30 de outubro de 2024
Publicado em 31/10/2024 às 14:31

As notícias do dia 30 de outubro de 2024


Por Antônio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE


Era uma quarta-feira normal, dessas com céu nublado e notícias pipocando como milho em panela quente, mas sem o cheiro bom de pipoca. O mundo girava como sempre, e a tela trazia uma dança de manchetes. Ali, entre um clique e outro, via-se um desfile de ironias à brasileira, como se o próprio país jogasse truques de ilusionismo com a nossa paciência.

Comecemos por Sergipe, palco de uma história que poderia muito bem ser tirada de um roteiro policial de baixo orçamento. A Polícia Federal, que há tempos deveria estar ocupada desenterrando escândalos, resolveu mirar seus olhos num ponto de coleta de armas. Pois é, as armas estavam ali, entregues, como se fossem cartas de baralho num jogo marcado. Um “desarme” suspeito, diga-se, porque armas de fogo estavam brotando como cogumelos na lista. Imaginem só, as pistolas, revólveres e espingardas dando entrada no sistema Desarma, quase como que num gesto patriótico de entrega. Que romance épico será esse entre o povo e suas armas? Parece que, no fundo, até o “desarmamento” agora tem sua própria zona cinzenta.

Enquanto isso, a Câmara dos Deputados, aquele palco de um teatro kafkiano, resolvia descer a cortina sobre a ideia de taxar fortunas. Dizem que o dinheiro não traz felicidade, mas parece que ele traz imunidade. Proposta após proposta, parecia um desfile de moda em que os modelos desfilavam suas ideias e logo as descartavam como se fossem peças passadas. Taxar fortunas de verdade? Nem pensar! O povo que carregue a cruz, que os ricos têm ombros delicados demais para o peso de um imposto. É como se a fortuna fosse um animalzinho de estimação que não pode ser incomodado, um bichinho raro e precioso. Só nos resta sentar e assistir, enquanto o Senado leva a “reforma” para um passeio nos salões da espera.

Na seção internacional, uma notícia que nos faz imaginar o dia a dia numa das últimas dinastias do mundo moderno: a Coreia do Norte testou mais um de seus foguetinhos de estimação. Dizem que ele subiu a uma altura nunca antes vista, como se quisesse tocar as estrelas. Mas, sejamos sinceros, qual é o propósito desse jogo? Um míssil que sobe tanto e vai tão longe, e o mundo inteiro olha, preocupado, se perguntando o que o pequeno país pretende com seus brinquedos de destruição. É um aviso, um gesto de ego? Fica a pergunta no ar, como um cometa que atravessa o céu sem intenção de aterrissar.

E em meio a essas manchetes pesadas, a Danone vem com sua jogada de mestre: anunciou com pompa que estava deixando de importar soja brasileira, mas, em algum canto de Londres, um executivo apressado deu uma “ajustada” na fala, dizendo que ainda há certa lenha nessa fogueira. Os produtores de soja, que viram o fantasma de um boicote, respiram fundo. A soja, que parecia destinada ao ocaso, agora brilha novamente, mas a que custo? Afinal, nossa soja, aquele “ouro verde”, carrega consigo o peso da polêmica ambiental. Quem segura essa batata quente?

Para fechar, mais um número dançando nas estatísticas: 247,8 mil novos empregos formais. Parece um poema de otimismo na planilha do governo, mas cá entre nós, será que esses empregos realmente aquecem a vida real? Quantos desses são temporários? Quantos são estáveis o suficiente para pagar o pão de cada dia? A dança dos números é bonita no papel, mas o povo precisa de um alicerce mais sólido do que uma vaga sazonal. Em tempos de economia malabarista, esses números podem muito bem ser bolhas de sabão estourando ao menor toque de realidade.

E assim vamos, em nosso país de contrastes, onde as manchetes misturam esperança, crítica e uma dose de espanto. Cada notícia é uma moeda lançada ao ar: ora nos faz rir, ora nos faz questionar, e, na maior parte das vezes, nos faz apenas suspirar.