CRÔNICA

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias da quinta-feira, dia 24 de outubro de 2024 – Dia da Sergipanidade

Quinta-Feira dia 24 de outubro Sergipe celebra, Maguila descansa, e o mundo, ah, o mundo continua sua ópera de tiros, cifras e sortes, com os Correios distribuindo suas cartas como se ainda houvesse quem as espere ansiosamente.

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias da quinta-feira, dia 24 de outubro de 2024 – Dia da Sergipanidade
Publicado em 25/10/2024 às 6:19

Notícias da quinta-feira, dia 24 de outubro de 2024 – Dia da Sergipanidade

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Por Antonio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE


Ah, o Dia da Sergipanidade! Dia em que o menor estado brasileiro ergue a bandeira da sua grandeza quase invisível aos mapas. Sergipe se enche de si, como se cada canto da nossa terrinha dissesse: “Aqui, meu filho, não é só terra pequena, é terra cheia de alma, como um caranguejo que, mesmo com casca frágil, tem força para sobreviver às marés.” E hoje, enquanto o povo sergipano celebrava a si mesmo, um gigante desse solo partiu. Maguila, nosso herói das luvas, pendurou para sempre seu cinturão.

Maguila foi, para o boxe, o que Sergipe é para o Brasil: uma lenda, um gigante estimado , uma história que o mundo reconhece, carregava nos socos da vida a força de mil guerras. Enquanto ele lutava no ringue, parecia que cada golpe era um grito de resistência sergipana, um “eu estou aqui” para o mundo ouvir. Partiu, nosso gigante, carregando no punho uma Sergipanidade que poucos entenderiam. Agora, ele repousa em paz, como se descansasse no colo da própria terra que lhe forjou os músculos e lhe deu fôlego. Maguila tem carreira eternizada em memorial de Sergipe.

E enquanto Sergipe reverenciava seu filho e a si mesma, o resto do Brasil seguia sua dança de oportunidades e números. Correios abrindo as portas para 3.511 novos trabalhadores, mas, ah, quem ainda escreve cartas? Será que os correios têm consciência de que cada selo e envelope representam o último resquício de um tempo em que as palavras eram carregadas com o peso da espera, da saudade, da ansiedade? Ah, a ironia de viver num tempo onde tudo é tão rápido que até um carteiro parece um personagem saído de um livro de história.

Falando em ironia, a Receita Federal também resolveu abrir o cofre, distribuindo uma fatia do bolo tributário para os apressados que fizeram suas contas a tempo. Como uma avó que distribui doces para os netos preferidos, a Receita resolveu soltar o “1º lote residual de restituição do IR 2024” para 264 mil sortudos. É quase um “me desculpe” por todas as dores de cabeça no ato de tributar. A Receita acena para o povo como quem diz: “Olhem, o Estado também tem coração”. Coração de pedra ou de papel-moeda?

E entre um respiro de festa e uma despedida de luto, o mundo também não descansava. Lá no Haiti, um helicóptero da ONU pousava forçado após tiros. Lá no México, um tiroteio deixou 16 mortos. É como se o mundo fosse um grande ringue, onde, a cada dia, pancadas e socos atravessam continentes, deixando hematomas na humanidade. E o que faz o povo diante disso? Uns compram a esperança de um novo bilhete de loteria, que promete 85 milhões na Mega-Sena acumulada. Outros, rezam para não terem suas vidas transformadas num capítulo de terror das notícias de amanhã.

Sergipe celebra, Maguila descansa, e o mundo, ah, o mundo continua sua ópera de tiros, cifras e sortes, com os Correios distribuindo suas cartas como se ainda houvesse quem as espere ansiosamente. E aqui, no coração da Sergipanidade, fico pensando: o que será de nós, que carregamos tantas heranças, tantas perdas e tantas esperanças num dia só? Que tenhamos ao menos, no próximo 24 de outubro, um pouco mais de paz para comemorar, e um pouco menos de socos para suportar.