CRÔNICA
Crônica do Professor Antônio Glauber sobre as notícias do dia 20 de outubro de 2024
De todos os lados, a vida grita, ri, chora e continua.
As notícias do dia 20 de outubro de 2024
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Por Antônio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE
A vida é um fio, e neste domingo à noite, a tesoura parecia afiada demais. Saí de Pirambu, e quem diria que eu, o cronista que sempre transforma a realidade em metáfora, me veria entrelaçado numa trama de tentativa de assassinato. Quase virei uma estatística, mas aqui estou, não para contar os minutos de desespero, mas para tecer mais uma crônica sobre um mundo que insiste em desafiar nossa lógica e paciência.
Enquanto eu escapava da beira do abismo, em São Cristóvão, o destino foi menos misericordioso. Um ônibus e um carro resolveram disputar quem chegaria primeiro ao fundo de uma ribanceira. Dois gigantes da estrada resolveram que o chão era pequeno demais para os dois. É o tipo de dança trágica onde ninguém vence. Entre feridos e sobreviventes, mais uma vez, a estrada se torna palco de dramas humanos que não deveriam existir.
A tragédia parece não ter limites, como o caso da bombeira que, em nome do GTA, viu sua vida escapar por entre os dedos em um teste físico. O corpo, que tantas vezes desafiou o perigo para salvar outros, não resistiu ao próprio esforço. Ironia do destino, não? Salvar o mundo é um peso que nem sempre podemos carregar, mesmo sendo treinados para isso.
E por falar em ironias, quem também tropeçou nas pedras da vida foi o presidente Lula. Um acidente doméstico o fez cancelar sua viagem à Rússia. Não foi uma conspiração global, nem um ato de sabotagem política — foi uma queda em casa, dessas que te lembram que o poder, no fim, é tão frágil quanto a porcelana que ele provavelmente derrubou ao cair. Cinco pontos na cabeça e uma reunião internacional assistida pela tela de um computador. Quem diria que o destino das nações, às vezes, é decidido enquanto o líder se recupera de um escorregão.
Mas o que dói de verdade são as vidas que se perdem não por acidentes, mas por ações criminosas. A prisão da funcionária do laboratório, envolvida na contaminação de pacientes com HIV, nos faz pensar até onde vai a crueldade humana. Quando a confiança é violada, o resultado é um soco no estômago. O que deveria ser uma mão estendida pela ciência se transforma em uma arma contra quem mais precisa de ajuda.
E, como se não bastasse, o mundo inteiro parece rodar em um ciclo interminável de tragédias e esperanças. Na Grande São Paulo, 18 mil imóveis ainda estão sem luz após a chuva. E em Cuba, o furacão Oscar se aproxima, trazendo ventos que varrem não só as casas, mas também as últimas migalhas de esperança de um povo já cansado de apagões e escassez.
No entanto, em meio a tanta escuridão, há sempre uma vela acesa. O Papa Francisco, em sua infinita missão de elevar o espírito humano, canoniza mais santos, entre eles, um religioso amazônico. Em Belém, a Romaria das Crianças leva milhares às ruas, vestidas de anjos. É como se a inocência fosse a única coisa que ainda nos salva desse caos moderno.
A vida segue. Os candidatos do Equador escapam por um fio de mais um atentado, e as cidades da Ásia buscam nos antigos campos de arroz soluções para evitar enchentes, como se a sabedoria dos antepassados fosse o único remédio para o que a modernidade destruiu.
O mundo é uma montanha-russa de emoções e destinos cruzados. E enquanto a maré da vida nos leva de um lado a outro, entre ribanceiras e quedas domésticas, seguimos, escrevendo crônicas e buscando sentido. Hoje, eu agradeço por estar aqui, vivo, para contar mais essa história. Amanhã? Bem, amanhã, quem sabe o que nos espera?