CRÔNICA

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 15 de outubro de 2024 – Dia do Professor

Notícias do dia 15 de outubro entre extradições , revisões de gastos público, Alexandre de Moraes pode até mandar de volta brasileiros foragidos da Argentina,, dia dos professores .

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 15 de outubro de 2024 – Dia do Professor
Publicado em 16/10/2024 às 0:47

As manchetes do dia 15 de outubro de 2024 – Dia do Professor

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Por Antônio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE


Hoje, 15 de outubro de 2024, dia daqueles que fazem do giz uma espada e da lousa um campo de batalha, saúdo os mestres deste vasto Brasil. Ah, professores, que guerreiam com os fantasmas do salário baixo, da falta de reconhecimento e da sobrecarga de trabalho! Neste palco, enquanto aplaudimos a vitória da chapa “UFS DA GENTE”, que conquistou a reitoria da Universidade Federal de Sergipe com mais de 10 mil votos, lembro que para cada novo reitor que assume, há um exército de professores que não encontra vitória na sala de aula. E assim seguimos, reitores e professores, unidos no cabo de guerra contra a indiferença.

Aliás, falando em cabo de guerra, Jean Silva, o professor de física que transforma suas aulas em um verdadeiro espetáculo de rock progressivo – com direito a Pink Floyd e fogo – nos mostra que ensinar é acender faíscas, mesmo quando o mundo parece querer apagá-las. Não é só física que ele desconstrói, é o medo. O medo que todo professor conhece: o medo de que seus alunos não aprendam, o medo de que seu esforço seja em vão. Jean nos ensina que a física pode ser tão divertida quanto imprevisível, talvez um pouco como as oscilações no fornecimento de energia aqui na região metropolitana de Aracaju. A Energisa até diz que foi uma falha técnica, mas cá entre nós, será que a falha não está em quem ainda acha que educação é um jogo de sorte?

Enquanto isso, em um Brasil onde 15 redes estaduais decidem contratar professores “por temporada”, como se fossem jogadores em um time de futebol, nos deparamos com a dura realidade: o time é grande, mas o banco de reservas está sempre cheio de profissionais instáveis, sem garantia de uma carreira digna. O professor vira um nômade, passando de escola em escola, como quem troca de camisas, mas sempre com o mesmo suor no rosto e o mesmo desejo: que a educação seja mais do que um discurso em datas comemorativas.

E enquanto extradições e revisões de gastos públicos ocupam as manchetes, os professores ocupam as salas de aula, tentando extrair dos alunos aquilo que nem mesmo os ministros conseguem arrancar das contas públicas: equilíbrio. Alexandre de Moraes pode até mandar de volta brasileiros foragidos da Argentina, mas quem é que manda de volta os direitos dos professores, que estão tão exilados quanto esses golpistas?

Por fim, enquanto o Brasil goleia o Peru com uma pintura de Andreas Pereira e dois pênaltis de Raphinha, lembro que no campo da educação não temos goleadas tão fáceis assim. A cada dia, somos nós, os professores, que tentamos pintar algo bonito, mesmo que os pincéis estejam desgastados. Talvez, como a ministra Tebet disse, tenha chegado a hora de levar a sério a revisão de gastos no país. E quem sabe, nessa revisão, encontrem algum espaço para valorizar quem ensina o próximo a chutar para o gol da vida.

Aos meus colegas de profissão, hoje é nosso dia, mas não se enganem: todos os outros também são. Somos nós que, entre apagões e goleadas, entre extradições e revisões orçamentárias, continuamos a manter acesas as luzes das mentes de nossos alunos. E como Jean Silva bem sabe, às vezes, para ensinar, é preciso acender um fogo.

Mas que seja o fogo da esperança, aquele que não se apaga.


Parabéns, professores e professoras, e que nosso cabo de guerra continue, com força e inteligência.