CRÔNICA

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 04 de setembro de 2024

"A Sinfonia Desafinada do Dia 4 de Setembro de 2024: Um Espetáculo de Tragédias e Ironias"

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 04 de setembro de 2024
Publicado em 05/09/2024 às 0:59

A Sinfonia Desafinada do Dia: Uma Crônica Irônica sobre as Notícias de 04 de Setembro de 2024


Por Antonio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE


No palco do mundo, onde o caos parece o maestro de uma sinfonia desafinada, o dia 4 de setembro foi mais um desses espetáculos. O Brasil, nas Paralimpíadas, até tentou ser o primeiro violino, mas acabou trocando o pódio de ouro por uma cadeira no fundo da orquestra, caindo para o sexto lugar. Com nove medalhas no peito, entre ouro, prata e bronze, a nação celebrou, mas a melodia da vitória foi um tanto desafinada. É como se ganhássemos o aplauso, mas o maestro olhasse de lado com aquela sobrancelha levantada, sinalizando que ainda estamos fora do ritmo.

Enquanto isso, Pedro, o atacante do Flamengo, se viu dançando fora do compasso, com o ligamento do joelho estourado. O sonho de balançar as redes pela Seleção se rompeu como uma corda de violino mal afinada. Parece que a dança do futebol virou balé dramático, e Pedro, que esperava fazer o gol da vitória, agora ensaia os passos da fisioterapia.

Mas se há algo que não desafina nunca é o leilão bilionário. A Deso, antiga conhecida dos sergipanos, foi vendida por R$ 4,5 bilhões, e a empresa vencedora já se prepara para tocar a sinfonia do saneamento pelos próximos 35 anos. Será que a água vai finalmente dançar no ritmo certo, ou a música do esgotamento sanitário vai continuar desafinada, como sempre? A plateia, formada por cidadãos comuns, aguarda ansiosa, mas com uma pontinha de desconfiança, afinal, o show da privatização já teve seus solistas desafinados em muitos atos.

E no meio dessa ópera trágica, surge um protagonista curioso: o golpista do presente. Em Aracaju, um homem aplicava o “golpe do presente” como se estivesse distribuindo brindes de fim de espetáculo. No entanto, em vez de risadas e agradecimentos, ele deixou um prejuízo de R$ 90 mil no bolso dos espectadores, que saíram do teatro da vida um pouco mais pobres e muito mais atentos às próximas peças da malandragem.

Falando em tragédia, o Pantanal continua queimando com a mesma intensidade de uma ópera wagneriana. Marina Silva soa o alarme como uma soprano desesperada, prevendo que o bioma pode desaparecer até o final do século. Enquanto isso, os incêndios dançam um balé cruel, consumindo o Mato Grosso e transformando a Terra Indígena Capoto Jarina em cinzas. O fogo, implacável maestro, rege essa sinfonia de destruição sem pedir permissão, e o Ibama tenta, em vão, salvar os últimos acordes de vida na Ilha do Bananal, onde até o pirarucu, o gigante das águas, luta para não ser silenciado.

Em meio a tantos dramas, a Aneel resolveu ajustar o tom da bandeira vermelha. O aumento na conta de luz será menor, disseram eles, como quem oferece um biscoito de consolo no meio de uma tempestade. O público até sorriu, mas sabe que, no final, o bolso continuará desafinado, como sempre.

E, como todo grande drama precisa de uma tragédia internacional, um tiroteio nos EUA lembrou ao mundo que, por lá, a melodia da violência toca com frequência alarmante. Um garoto de 14 anos, já conhecido do FBI, decidiu que a escola era o palco perfeito para sua estreia trágica, e quatro vidas foram ceifadas. O roteiro da violência parece repetir-se como uma ópera interminável.

No entanto, em meio a tanta tristeza, houve um breve intervalo de alívio: Amanda, a filha de brasileiros desaparecida nos EUA, foi encontrada “sã e salva”. A mãe, com o coração em mãos, finalmente respirou aliviada, como quem ouve o último acorde de uma música que parecia não ter fim.

E, para fechar com chave de ouro – ou seria de chumbo? –, a Venezuela volta à cena com seu eterno drama político. O candidato de oposição, Edmundo González, grita “perseguição política”, enquanto o governo de Maduro parece afinar suas notas para garantir que o dissidente não cante por muito tempo. O palco venezuelano, aliás, é um desses teatros onde o espetáculo nunca termina, e a plateia – o povo – assiste, ora com indignação, ora com desespero.

No mar agitado da política global, outra tragédia emergiu: o naufrágio de um barco com migrantes perto da Itália. Vinte e uma almas desapareceram nas águas escuras, enquanto o mundo, de camarote, aplaudia ou ignorava o final melancólico de mais um ato na longa ópera da migração.

E assim, senhoras e senhores, o espetáculo do dia 4 de setembro de 2024 terminou. A cortina desce, os atores saem de cena, mas o show – esse show trágico, cômico e irônico – certamente continuará amanhã, com novos enredos, novas melodias e o mesmo público ansioso por respostas e soluções que, muitas vezes, nunca vêm.