POESIA
Reticências ( … )
Reticências - Antonio Glauber Santana Ferreira
Nas entrelinhas do silêncio,
o céu desenha metáforas em neon,
e o tempo, bêbado de urgências,
tropeça nas estrelas caídas do chão.
São três pontos que nunca se completam,
uma vírgula dançando num vai-e-vem,
onde os ventos cochicham segredos
que nem mesmo os sábios compreendem.
Cada reticência é um grito mudo,
um trovão sem eco,
o abraço que nunca se finda,
um beijo guardado no bolso da alma.
E enquanto o mundo corre em disparada,
as reticências… elas ficam,
deitando raízes no abismo do talvez,
onde promessas são eternidades vestidas de dúvidas.
Há um mar de incertezas nos pontos suspensos,
ondas que se quebram nas costas da esperança,
uma hipérbole que transborda de querer
sem nunca ter sido, sem nunca ser.
Então, seguimos,
mergulhados nas pausas,
onde cada silêncio grita,
e as reticências…
são o que nos resta entre o início e o fim.
Autor: Antonio Glauber Santana Ferreira