Conto

O Reino dos Brinquedos Perdidos

O Reino dos Brinquedos Perdidos
Publicado em 13/10/2024 às 23:03

Era uma vez um lugar mágico chamado Reino dos Brinquedos Perdidos. Lá, moravam todos os brinquedos que as crianças, sem querer, deixavam de lado ou perdiam pelos cantos da casa. Bonecas desbotadas, carrinhos com rodas soltas, ursinhos de pelúcia meio rasgados e quebra-cabeças com uma peça faltando formavam a população desse reino.

No Dia das Crianças, algo especial acontecia: o portal entre o mundo dos brinquedos e o mundo das crianças se abria por um único dia. Durante 24 horas, os brinquedos podiam se aventurar de volta às casas de seus antigos donos, mas havia uma regra: só podiam ficar se fossem redescobertos, abraçados e queridos novamente.

Entre os brinquedos ansiosos, estava Teco, um pequeno robô de lata com uma antena torta. Teco tinha sido o brinquedo favorito de João, mas há tempos estava esquecido no fundo de uma gaveta. Ele se lembrava dos dias em que João o levava para todos os lugares, criando missões espaciais e batalhas intergalácticas com ele. Mas, aos poucos, outros brinquedos mais novos apareceram, e Teco foi ficando para trás.

Quando o portal se abriu, Teco se encheu de esperança. Ele e seus amigos atravessaram o caminho encantado e se espalharam pelas casas das crianças. Na casa de João, o pequeno robô se esgueirou para o antigo quarto do menino, agora cheio de videogames e brinquedos eletrônicos. Teco sabia que seu tempo era curto, mas acreditava que, se João o visse, ele lembraria das aventuras de antigamente.

Teco subiu na mesa de estudos e, com um leve rangido, fez sua antena brilhar como antigamente. João, distraído com o celular, nem notou o movimento. O robô tentou de novo, agora girando suas rodinhas desgastadas. Mas nada. O tempo estava acabando.

Foi então que a irmãzinha de João, Sofia, entrou no quarto. Ela estava procurando um lápis e, ao ver Teco, seus olhos brilharam. “Que robô legal!”, ela disse, pegando-o com cuidado. “Você parece estar esperando por alguém.”

João olhou para cima, curioso. “Ei, eu lembro desse robô! Eu costumava brincar com ele quando era pequeno.”

Teco sentiu uma faísca de esperança. João se aproximou, pegou o robô e, por um instante, parecia que ele iria voltar a ser o herói de suas missões. Mas então, João riu e disse: “Talvez você queira brincar com ele, Sofia.”

Sofia sorriu, abraçou Teco e disse: “Eu adoraria!”

Teco não voltou a ser o robô de batalhas estelares, mas encontrou um novo lar nas mãos de Sofia. E, naquele Dia das Crianças, ele percebeu que o amor não se mede pelo tempo que passamos com alguém, mas pela importância que damos aos pequenos momentos que criamos juntos.

E assim, no Reino dos Brinquedos Perdidos, todos os brinquedos que encontraram novos amigos comemoraram. Pois, no final das contas, o que mais importa é ser lembrado com carinho, seja em uma grande aventura espacial ou em um simples abraço de um novo amigo.

Por Antonio Glauber Santana Ferreira — Japaratuba-SE