O Poeta e suas Quimeras
O Poeta e suas Quimeras
O Poeta e suas Quimeras
No crepúsculo das ideias, vagueia o poeta,
Sua alma — um pergaminho de quimeras sem fim.
Na tapeçaria do universo borda estrelas obsoletas,
Tece constelações com os fios da etérea imaginação.
Entre sombras de ocre e desvarios de prata,
Sonha mais alto que o céu de Mercúrio ardente,
Com versos que trazem a brisa da alvorada,
E palavras tão pesadas, caem como meteoros errantes.
Nos labirintos de sua mente, ecoa um clarão,
Um esplendor de imagens, intocadas, sagradas.
Eis o poeta — arquiteto de ilusões, construtor de delírios,
Em seus domínios, o real e o fantástico dançam, vértices alados.
Ele, soberano de um reino efêmero e turbulento,
Cuja coroa é tecida com laços de luar e êxtase,
Governa sobre o vasto oceano de suas musas em tormento,
Seres de papel e tinta, nascidos da febre de suas noites insones.
Sua pena, um alfanje que rasga o véu da realidade,
Cria mundos onde os rios correm com vinho das estrelas,
E as montanhas se erguem, colossais, desafiando a gravidade,
Num reino onde cada palavra pronunciada reverbera como um trovão.
Oh, quanta grandiosidade encerra esse poeta em seu isolado vértice,
No esplendor solitário de seu trono de pensamentos fragmentados.
Com cada metáfora, ele batalha contra as marés do esquecimento,
Por um momento de glória efêmera, na imortalidade de seus versos alados.
Porém, ao descer o sol de sua inspiração majestosa,
Encontra-se novamente só, um rei deposto em seu palácio deserto.
As quimeras se dissipam, como névoa ao abraçar o alvorecer,
E resta ao poeta somente o sussurro da musa, promessa de um novo universo.
Autor: Antonio Glauber Santana Ferreira