CRÔNICA

Mitidieri respeite os professores (as) e o sindicato

Fala do governador sobre professores repercute entre sindicatos

Mitidieri respeite os professores (as) e o sindicato
Publicado em 04/10/2024 às 15:42

Mitidieri respeite os professores (as)!

Naquela tarde em que a palavra “trabalho” foi jogada ao vento como quem descarta algo sem valor, Fábio Mitidieri, em seu palácio de vidro, parecia não ter consciência do campo de batalhas que a educação pública se tornou. Com um gesto insensato e deselegante, o governador de Sergipe desferiu um golpe verbal sobre aqueles que carregam nas costas o peso de formar gerações — os professores da rede estadual.

Ao afirmar que “não trabalham”, Mitidieri ignora o suor que brota em cada aula ministrada em escolas sem estrutura, o cansaço disfarçado em cada sorriso dado a uma criança , adolescente ensinando com dedicação mesmo em condições precárias, mas que sonha. Ignora as noites mal dormidas na tentativa de corrigir provas, elaborar aulas, ou quem sabe, refletir sobre como mudar a realidade de uma sala de aula onde falta tudo, menos esperança.

E como se não bastasse, o governador resolveu dar mais um passo em falso, mirando seu dedo acusador no Sintese. Chamá-lo de “político-partidário” foi como esquecer o passado de lutas e resistência, como aquele episódio emblemático em que o sindicato, junto com os professores, promoveu um enterro simbólico do saudoso Marcelo Déda. Ali, com cruzes e cartazes, eles enterravam não apenas um governador, mas também as promessas de uma educação que nunca chegou a ser o que deveria.

Mitidieri, talvez desconhecendo as cicatrizes desse passado, tentou deslegitimar um movimento que vai muito além de partidos. Esqueceu-se de que a luta dos professores não se resume a uma greve ou a uma reivindicação salarial — é a luta por dignidade, por condições de trabalho e, sobretudo, por uma educação de qualidade. Um coveiro mal treinado não sabe o que está enterrando, e parece que o atual governador, ao atacar dessa forma, corre o risco de enterrar, sem saber, a própria história de luta da educação sergipana.

O “não trabalham” ressoou como um eco vazio, sem substância, pois quem conhece a realidade das escolas sabe o tamanho do esforço que ali se realiza. Quem vive a rotina de um professor entende que trabalho não se mede pelo olhar de quem está em um gabinete, mas sim pela transformação diária de vidas que mal começaram.

Por Antonio Glauber Santana Ferreira — Japaratuba-SE