CRÔNICA

Maguila, lenda do boxe brasileiro, morre aos 66 anos

Ex-peso-pesado Adilson Maguila faleceu em decorrência de demência pugilística, consequência das pancadas na cabeça que sofreu ao longo dos 17 anos de carreira; Adilson conquistou títulos brasileiros, Sul-Americanos e o Mundial da WBF

Maguila, lenda do boxe brasileiro, morre aos 66 anos
Publicado em 25/10/2024 às 5:41

Maguila, o gigante que com sua força e carisma nocauteou não apenas adversários no ringue, mas também as barreiras da vida, despediu-se aos 66 anos. O Brasil, que o via como um símbolo de coragem e perseverança, agora lamenta a perda de um ícone. Nascido em Aracaju, em uma casa cheia de irmãos e poucas oportunidades, Adilson Rodrigues dos Santos encontrou no boxe uma saída, um caminho para transformar a dureza da vida em golpes calculados, que não só o levariam a títulos, mas também a um lugar especial no coração do povo.

Com 77 vitórias em 85 lutas, Maguila, como ficou conhecido, levou o nome do Brasil a palcos internacionais. Seu direto de direita, tão pesado quanto as dificuldades que enfrentou na infância, ficou marcado na história. Confrontou lendas como Holyfield e Foreman, e, mesmo em derrotas, continuou sendo o campeão do povo. Em cada luta, havia mais que uma disputa por cinturões: havia a representação de uma nação que via nele o sonho de superação.

Porém, a vida, como o boxe, tem seus rounds cruéis. As pancadas recebidas durante 17 anos de carreira deixaram cicatrizes invisíveis, manifestadas na forma de demência pugilística. Maguila lutou sua última batalha fora dos ringues, e ainda que a vitória não tenha sido possível, ele saiu de cena como entrou: gigante.

Aqueles que acompanharam sua trajetória sabem que Maguila era mais do que os socos que desferia. Ele era a força bruta revestida de simplicidade, um sergipano que cativava com suas entrevistas descontraídas e sua humanidade genuína. Para o público, ver Maguila era sentir um misto de emoção e orgulho, mesmo nos momentos mais duros de sua carreira. Agora, seu nome ecoa não apenas nas crônicas do boxe, mas na memória de todos que, de alguma forma, torceram por ele, no Brasil ou em qualquer canto do mundo.

A lenda descansou, mas sua história segue viva, como os rounds épicos que marcaram sua jornada. E assim, Maguila, o eterno campeão do povo, permanece invicto na memória coletiva do país.

Por Antonio Glauber Santana Ferreira — Japaratuba-SE