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Língua de povo indígena da Amazônia é considerada a mais difícil do mundo

Assobios também são uma forma de comunicação, principalmente em expedições pelos rios e matas

Língua de povo indígena da Amazônia é considerada a mais difícil do mundo
Publicado em 23/07/2024 às 1:33

Considerada a única língua viva do tronco linguístico Mura, a língua Pirahã, falada pelo povo Pirahã (ou Pirarrã) que vive no sul do Amazonas, é tida como a mais difícil do mundo. Este idioma peculiar baseia sua comunicação em apenas três vogais (A, I, O) e seis consoantes (G, H, S, T, P, B), sem incluir um sistema verbal complexo, pois usa apenas o presente. Não existem substantivos no singular ou plural, nem sistema numeral. As cores são distinguidas apenas como “mais claro” ou “mais escuro”.

Os Pirahã não possuem deuses ou mitologias, acreditando que o universo, o céu e a Terra sempre existiram. Para eles, nada que não possa ser provado, visto ou sentido é considerado real.

Falado por cerca de 400 indígenas às margens do Rio Maici, o idioma Pirahã é caracterizado pela quantidade mínima de fonemas e sua estrutura tonal. Essa tonalidade permite modos de comunicação específicos, como gritos e assobios, úteis durante expedições. Outra particularidade é o “falar-comendo”, onde a comunicação continua enquanto mastigam, demonstrando a importância da entonação na diferenciação de palavras.

Curiosamente, existe uma sétima consoante, similar ao K, usada apenas por homens. Enquanto alguns homens podem se expressar em português, as mulheres são restritas à língua Pirahã.

A complexidade deste idioma foi explorada no documentário “The Grammar of Happiness” (2012), que narra as pesquisas do linguista Daniel Everett. Em 2016, Rolf Theil, da Universidade de Oslo, afirmou que “a língua mais difícil do mundo é sem dúvida o Pirahã”. Aprender essa língua demoraria cerca de 10 anos para alguém com memória mediana, devido à sua complexidade.

Por Antonio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE