CRÔNICA
Juiz federal mantém regra de eleição para reitor da UFS
Tensão na eleição da UFS
O palco da democracia universitária estava montado, e o espetáculo prometia ser mais acalorado do que um debate sobre a origem do universo. De um lado, um reitor em busca de manter sua cadeira; do outro, opositores determinados a mudar as regras do jogo às vésperas da partida decisiva. A plateia? Professores, técnicos e alunos, todos divididos entre aplausos e vaias, enquanto o juiz federal Edmilson da Silva Pimenta assumia o papel de diretor, para decidir quem seguiria o roteiro e quem seria impedido de improvisar.
A trama começou quando a Comissão Eleitoral, formada majoritariamente pelos antagonistas do atual reitor, Valter Joviniano de Santana Filho, decidiu que mudar o palco eletrônico para o presencial, a poucas semanas do espetáculo, seria a melhor forma de garantir a “pureza” do processo. Imagine a surpresa dos atores ao serem informados que, de um momento para o outro, teriam que abandonar o confortável e conhecido SIGEleições para interpretar seus papéis em cabines de votação tradicionais, com cédulas e papel timbrado. Era como se pedissem aos atores de um filme de ficção científica que encenassem a trama em uma peça de teatro grego, sem ensaio prévio.
O reitor, então, se viu obrigado a convocar os roteiristas da Procuradoria Federal e da Superintendência de Tecnologia da Informação e Comunicação para explicarem que, ao contrário do que se imaginava, a infraestrutura do SIGEleições era tão sólida quanto um anfiteatro romano e que já havia sido testada em mais de 480 espetáculos eleitorais sem jamais ruir. Mas o conselheiro Roberto Rodrigues de Souza insistia que a segurança do voto dependia da presença física, ignorando que a trama já havia sido escrita e aprovada conforme o roteiro da Resolução nº 44/2022/CONSU.
Do camarote, a plateia se perguntava: “A quem interessaria tamanha mudança? A abstenção de 60% a 80% nos ensaios prévios não seria o reflexo de uma peça cujo roteiro afastava mais do que atraía o público? Estaria a Comissão Eleitoral, qual um diretor vaidoso, tentando controlar cada movimento dos atores, mesmo quando estes se recusavam a entrar em cena?”
Na disputa pelo papel principal, a peça se aproximava de um desfecho improvável: uma liminar entrou em cena, determinada a impedir que o espetáculo mudasse de gênero a poucos dias da estreia. O juiz Edmilson, qual um dramaturgo implacável, decretou que o roteiro deveria ser seguido à risca, sem improvisações de última hora. “Nada de adendos ao ato normativo! Que se respeite o script original, e que o final seja decidido nas urnas, com votos eletrônicos e remotos, como previsto desde o início.”
E assim, enquanto o pano cai temporariamente sobre essa parte do enredo, a expectativa cresce para o clímax dessa trama acadêmica. O que ficará para a história? O reitor manterá sua coroa ou os insurgentes tomarão o trono? Mais uma vez, a democracia se revela um palco cheio de reviravoltas, onde cada ator – seja ele protagonista, antagonista ou mero coadjuvante – tem seu momento de brilhar sob os holofotes. Afinal, no teatro da política universitária, o roteiro pode ser previsível, mas a interpretação é sempre uma surpresa.
Por Antonio Glauber Santana Ferreira — Japaratuba-SE