Conto
Galhado: A Saga do Ex-Enteado Ingrato
Galhado: A Saga do Ex-Enteado Ingrato
Athos sempre foi um homem de coração generoso. Quando conheceu Galhado, ele não viu um enteado, mas um filho que a vida lhe presenteara. Entre risos e sonhos, ele investiu amor e tempo, comprando brinquedos que encheram de cor a infância de Galhado. Para Athos, não havia limites quando se tratava de fazer os gostos do garoto.Com paciência, ensinou-lhe a andar de bicicleta, a soltar pipa e a apreciar os pequenos prazeres da vida. Nos dias de chuva, abrigavam-se no sofá, mergulhados em histórias e filmes que expandiam horizontes. Athos, na sua simplicidade, acreditava que estava plantando sementes de gratidão e respeito.Mas o tempo, esse senhor impiedoso, traz reviravoltas inesperadas. Galhado cresceu, e com ele vieram as inevitáveis mudanças da adolescência. As promessas de eterna lealdade se dissiparam como fumaça ao vento. O que Athos não esperava era a frieza com que seria tratado pelo garoto que um dia chamou de filho.Sem explicação, Galhado bloqueou Athos em todas as redes sociais ,telefone e WhatsApp, erguendo um muro invisível, mas intransponível, entre eles. Como se isso não bastasse, proferiu palavras amargas, que rasgaram o coração de Athos como lâminas afiadas. Ingratidão, essa doença insidiosa, havia contaminado o coração do jovem.Athos, em sua tristeza, compreendeu que havia limites para seu controle sobre a vida de Galhado. A mágoa era profunda, mas ele sabia que o tempo, esse mestre paciente, traria lições importantes. O tempo, sempre ele, haveria de ensinar a Galhado o valor da gratidão e do respeito.Enquanto isso, Athos seguiria com a cabeça erguida, lembrando-se dos momentos bons, dos sorrisos sinceros e das tardes de verão que passaram juntos. Ele sabia que havia feito sua parte, que havia amado incondicionalmente. E, em seu coração, guardava a esperança de que um dia, Galhado entenderia a profundidade de seu erro.Até lá, Athos viveria um dia de cada vez, certo de que a vida, com suas voltas e reviravoltas, eventualmente traria justiça. Porque, no fim, a verdadeira lição é que fazer bem , mesmo não correspondido, nunca é em vão.
Autor: Antonio Glauber Santana Ferreira