CRÔNICA
Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 28 de setembro de 2024
28 de setembro de 2024 um sábado histórico.
Por Antonio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE
Hoje, o cenário mundial é como um daqueles tabuleiros de xadrez em que as peças se movem ao sabor de interesses diversos e, muitas vezes, conflitantes. De um lado, temos a torre do Procon, firme e vigilante, tentando proteger os peões que se aglomeram nos colégios particulares, lutando para não serem arremessados para fora do tabuleiro por um cheque-mate financeiro. A pesquisa de preços das mensalidades escolares parece mais um jogo de esconde-esconde, em que os valores reais se escondem entre as entrelinhas dos contratos, e os pais, desesperados, tentam encontrar a melhor estratégia para evitar o xeque-mate da educação dos filhos.
Enquanto isso, nas terras sergipanas, o TRE desfere um xeque em Carminha, mantendo a impugnação de sua candidatura. A dama do tabuleiro político de Nossa Senhora do Socorro está fora do jogo, por enquanto. Quem diria que as regras, tantas vezes maleáveis, se mostrariam intransigentes? Talvez fosse apenas uma jogada de marketing do destino, que decidiu colocar uma peça a menos no tabuleiro já congestionado de promessas e ilusões eleitorais.
Na festa dos radialistas, por outro lado, o clima era de celebração. Como verdadeiros bispos do ar, espalham suas vozes por todo o estado, ora levando palavras de esperança, ora de revolta. São os mestres da comunicação, que, ao contrário das torres imóveis, movem-se em diagonais, desvendando as entrelinhas da sociedade e levando ao público aquilo que o rei – ou melhor, o povo – precisa ouvir.
Mas nem só de celebrações e denúncias vive o dia. A Anatel resolveu, finalmente, tomar uma atitude digna de um cavalo arrojado, proibindo as empresas de telemarketing de usarem diversos números para infernizar o sossego alheio. Ah, se pelo menos o xadrez da vida real fosse tão simples quanto bloquear um número incômodo! Ainda assim, não custa sonhar com o dia em que todas as ligações indesejadas sejam como peões fora de combate.
Do outro lado do oceano, no Oriente Médio, o jogo geopolítico avança a passos bruscos. A morte de Hassan Nasrallah, confirmada pelo Hezbollah, é mais uma peça derrubada num tabuleiro que parece jamais alcançar o fim. Os ataques são movimentos calculados de um lado, e desespero do outro. E, assim, enquanto uma torre cai, outras surgem, e o jogo mortal continua, deixando um rastro de sangue que mancha os quadrados pretos e brancos do tabuleiro.
No Brasil, a Mega-Sena acumula novamente. O prêmio que subiu para R$ 40 milhões é o sonho de muitos peões que, um dia, almejam transformar-se em reis. Mas, para a maioria, as vitórias são como miragens, e o castelo de areia desmorona ao toque da realidade. Os 93 apostadores que levaram pouco mais de R$ 35 mil na Quina ainda podem se sentir como bispos que ganharam uma batalha, mas ainda estão longe da glória total.
Enquanto isso, em João Pessoa, o tabuleiro político é sacudido pela prisão da primeira-dama, Lauremília Lucena, acusada de envolvimento com facções criminosas. Nesse jogo de sombras, peões e cavalos se confundem, e não se sabe ao certo quem é aliado e quem é adversário. A Operação Território Livre revela que, nos bastidores, as peças se movem por interesses obscuros, e o povo, mais uma vez, assiste de longe, sem poder interferir.
E, em terras distantes, no Nepal, o jogo da vida e da morte é mais cruel que qualquer partida de xadrez. As inundações e deslizamentos, causados pelas chuvas torrenciais, levaram quase 60 vidas. Lá, o tabuleiro é de lama e dor, e o movimento das peças não depende de estratégia, mas do capricho incontrolável da natureza. As autoridades alertam para novos riscos, mas como proteger um povo cuja vida é um eterno xeque-mate?
Assim, o mundo segue jogando, sem tréguas, sem pausas. Peões sonhando com a coroa, torres desmoronando, cavalos saltando para todos os lados, e reis e rainhas em constante estado de alerta. O xadrez do cotidiano, onde cada notícia é um lance novo, mas o fim do jogo parece sempre incerto, como se o tabuleiro estivesse, ele próprio, condenado a um eterno empate.
E assim seguimos, de jogada em jogada, nesse tabuleiro onde cada movimento carrega o peso de mil possibilidades. Que as próximas jogadas sejam mais justas, menos dolorosas, e que os peões, um dia, possam finalmente alcançar o outro lado do tabuleiro.