CRÔNICA
Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 27 de julho de 2024
Em um dia em que o destino parecia brincar de roleta-russa com o nosso cotidiano, o tabuleiro das notícias girava freneticamente, lançando dados imprevisíveis e levemente irônicos.
Na sala de jogos de Aracaju, o Ministério Público tentava vetar a carta do transporte público, mas a Justiça, de olhar clínico, decidiu que não era dia de embargo. O Tribunal de Contas, por sua vez, já havia guardado essa carta na manga, suspirando: “não se joga o jogo com cartas marcadas”.
Enquanto isso, no tabuleiro do Ceará, a Praia do Icaraí, outrora uma dama com vasto manto de areia, agora se encontra com a saia cada vez mais curta. O mar, cavaleiro implacável, avança sem cerimônia, engolindo mais de 100 metros de sua dignidade ao longo de 40 anos. Espigões, como soldados de uma resistência inútil, tentam segurar a linha de frente, mas a batalha parece perdida. A natureza, afinal, tem suas próprias regras de jogo.
Olhos atentos aos céus, o público espera ansioso pelos fogos de artifício cósmicos. Três chuvas de meteoros prometem um espetáculo estelar, dignas de uma ópera celestial. As Alpha Capricornídeos, Delta Aquáridas e Perseidas descerão dos céus como balas de prata, convidando-nos a abandonar por um instante os nossos tabuleiros terrestres e contemplar o infinito. Basta esperar o anoitecer, fugir das luzes da cidade e subir ao ponto mais alto da nossa curiosidade.
Em outro canto, a Mega-Sena, com seus números esquivos, acumulava um prêmio de R$ 100 milhões. A roleta da fortuna girava novamente, lembrando-nos que a sorte é um dado viciado, onde poucos se tornam vencedores e muitos sonhadores ficam com a aposta perdida.
E, em um golpe de cena trágico, Nathalie Moellhausen, na arena da esgrima, enfrentava não apenas sua adversária, mas um inimigo interno – um tumor no cóccix. Com a dor aliviada apenas pela morfina, sua luta tornava-se uma metáfora cruel da batalha humana contra suas próprias fraquezas. Derrotada, mas não vencida, Nathalie promete um retorno após a remoção do tumor.
Para completar o quebra-cabeça, a seleção brasileira de vôlei tropeçava em sua estreia olímpica, uma primeira queda desde 1996. Erros decisivos e um bloqueio impenetrável da Itália transformaram o sonho dourado em uma realidade amarga, mostrando que até os gigantes podem cair.
E assim, em um dia onde a ironia pintou cada quadro, seguimos jogando nossos jogos diários, movendo peças, esperando estrelas cadentes e tentando, com um sorriso sarcástico, adivinhar o próximo lance do destino.
Por Antonio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE