CRÔNICA

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 26 de setembro de 2024

Veículos pegam fogo, despedida de um radialista, Argentina em pobreza, Mega-Sena acumulada, Forças Armadas convocadas para as eleições ,STF anulou leis que permitiam o porte de armas para atiradores esportivos, o Furacão Helene toca a Flórida com ventos de mais de 200 km/h, O Líbano pede socorro, o Ministro das Relações Exteriores, Abdallah Bouhabib, implora na ONU por uma solução diplomática para a crise com Israel.

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 26 de setembro de 2024
Publicado em 27/09/2024 às 6:31

Show de notícias do dia 26 de setembro de 2024


Por Antonio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE


Os dias andam incandescentes, e não é só pelo calor do sol, que parece ter se tornado um espelho do inferno. Dois veículos foram transformados em tochas ambulantes na Região Metropolitana de Aracaju. Um na Rodovia João Bebe Água, outro no Centro da capital. Como se fossem testemunhas mudas de uma cidade que arde por dentro e por fora. A Kombi, um dinossauro da modernidade, e o táxi, fiel escudeiro de tantas viagens anônimas, viraram cinzas. A cidade, por um momento, segurou o fôlego, como quem prende o ar para evitar que o fogo se alastre para dentro do peito. Mas, felizmente, as chamas não consumiram vidas, apenas histórias de um tempo que se vai.

Enquanto isso, outro incêndio, dessa vez invisível, apagou a voz de João Paulo Farias Santos. O radialista, que por décadas foi o narrador do cotidiano, silenciou. Não foi a chama de um isqueiro que o levou, mas a doente brasa da doença. Cinquenta e cinco anos de vida e uma eternidade de palavras agora caladas. Uma voz que narrava com a paixão de quem vê além das lentes e dos microfones. Seu epitáfio, na verdade, já estava escrito nas ondas do rádio, que agora ecoam como um sussurro de despedida. O coração parou, e com ele, mais um capítulo da história sergipana se fechou, como um velho livro guardado na prateleira da memória.

E, se Aracaju chora por suas perdas, a Argentina sangra pelos vivos. Mais de 15 milhões de pessoas em um estado de pobreza quase absoluto. O governo de Javier Milei, em seus primeiros passos de um tango desafinado, parece tropeçar nos próprios acordes. Enquanto isso, o povo dança sobre o abismo da incerteza, sem saber se o próximo passo será um giro ou uma queda. O país, que já foi a pérola da América do Sul, hoje brilha menos que uma moeda falsificada, acumulando dores e esperanças quebradas como cacos de um espelho que se espatifou.

Enquanto isso, os apostadores da Mega-Sena, em um Brasil de esperanças lotéricas, tentam a sorte. O prêmio acumulou, mas ninguém acertou o sonho dourado de sair da roda-viva das contas que não fecham. Os números sorteados, como enigmas de um destino brincalhão, deixaram milhares de brasileiros com o mesmo velho sentimento: a ilusão de que a vida pode mudar com seis míseras dezenas. E assim, a fortuna ri, empilhando notas de R$ 32 milhões, enquanto o povo segue tentando acertar o futuro com bilhetes que mais parecem poesias de um poeta bêbado.

Por falar em apostas, as Forças Armadas foram convocadas para garantir que as eleições ocorram com o mínimo de sobressaltos. É como chamar um exército de bombeiros para apagar o fogo de uma churrasqueira de fundo de quintal. São 123 pedidos de apoio logístico e 481 de segurança. O medo de que as urnas, como combustíveis de ódio e esperança, possam inflamar os ânimos. Mas o Brasil já viu tantos “combatentes” armados com discursos e bravatas, que até parece mais uma novela sem final feliz.

O STF, em seu trono de marfim, anulou leis que permitiam o porte de armas para atiradores esportivos. A maioria dos ministros votou como quem apaga velas de um bolo de aniversário indigesto. Não se sabe ao certo se estão salvando vidas ou segurando a tampa de uma panela de pressão prestes a explodir. Mas, pelo menos, por enquanto, as armas ficarão onde sempre deveriam estar: guardadas e esquecidas, como memórias de tempos sombrios que ainda insistem em sussurrar nos ouvidos da nação.

E no meio dessa sinfonia de tragédias e esperanças, o Furacão Helene toca a Flórida com ventos de mais de 200 km/h, transformando o paraíso americano em um pesadelo aquático. Três pessoas perderam a vida, varridas pelo sopro furioso da natureza. E enquanto isso, no Líbano, o Ministro das Relações Exteriores, Abdallah Bouhabib, implora na ONU por uma solução diplomática para a crise com Israel. Ele sabe que o seu país está no fio da navalha, e que um leve empurrão pode cortar a jugular de uma nação inteira.

O mundo arde, sopra e chora, e nós seguimos, passageiros desta nave chamada Terra, tentando não nos incendiar em chamas de revolta ou nos afogar em mares de desespero. No final, somos todos sobreviventes em um planeta que parece estar em constante combustão, esperando por um milagre que venha apagar tantos incêndios que insistem em queimar nossas esperanças.