CRÔNICA
Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 24 de setembro de 2024
Notícias do dia 24 de setembro de 2024 entre halos solares e sombras humanas, entre praias limpas e sujeiras éticas, entre esperanças ilusórias e realidades cruéis.
Por Antonio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE
O dia amanheceu com um halo solar no céu sergipano, como se o firmamento quisesse nos lembrar que ainda há uma auréola de esperança em meio ao caos cotidiano. Os cristais de gelo, tão frágeis, refletiam a luz do sol como pequenos espelhos, desafiando a escuridão das manchetes. Uma metáfora celeste que nos diz que até no frio gélido da desesperança é possível refletir a luz. Ah, se os governantes tivessem a mesma capacidade de transformar pequenas transparências em grandes iluminações!
Enquanto o sol brincava de anel de diamantes com o céu, as praias de Sergipe, reluzentes de pureza, ganharam o título de mais limpas do país. Parecem até oásis de limpeza no meio de um deserto de lixo e descaso ambiental. As ondas, cúmplices dessa limpeza, dançavam em celebração, como quem quer apagar da memória os resíduos humanos que as sufocam. Quem diria que num país onde a sujeira é jogada para debaixo do tapete, as praias de Sergipe seriam o tapete vermelho da natureza?
Por outro lado, enquanto as areias se limpam, as mãos se sujam em cliques de apostas. R$ 20 bilhões por mês! Uma roleta russa financeira onde 24 milhões de brasileiros apostam suas esperanças na sorte que nunca chega. É o “milagre” brasileiro: quando não se tem o que comer, aposta-se o pão que não se tem. Sonhos em números, esperanças em boletos, e no final, o grande ganhador é o banqueiro do azar. E assim, a Mega-Sena acumula, tal qual os sonhos não realizados de um povo que aposta tudo na sorte e esquece do trabalho.
Enquanto isso, na ONU o presidente Lula, num encontro surreal com Bill Gates, questiona como uma pessoa pode ter mais dinheiro que um país. O solitário bilionário dos algoritmos e da caridade dá tapinhas nas costas do presidente, como quem consola o pobre rapaz que ainda acredita em utopias. É quase cômico ver o encontro do combatente das desigualdades com o Tio Patinhas americano. Lula, com seu discurso sobre empatia, parecia um Dom Quixote a bradar contra moinhos de vento feitos de dinheiro digital. E, claro, Gates, com seu sorriso magnânimo, retribui com um prêmio para Lula pelo combate a pobreza e palavras doces, enquanto guarda seu baú de tesouros longe do alcance.
A eleição, esse espetáculo de circo itinerante, ganhou reforço de segurança com tropas federais em 11 estados. O Brasil, que antes vivia ao som dos tambores da festa democrática, agora assiste à paranoia militarizada de uma eleição que se esgueira entre ameaças e desconfianças. Votar virou ato de coragem, como se escolher entre pão e circo fosse um risco à integridade física. O TSE, mais parecido com um general de guerra do que com um guardião das urnas, distribui soldados como se preparasse um combate. E, ironicamente, é a democracia que acaba no banco dos réus, enquanto os algozes se disfarçam de defensores.
Do outro lado do Atlântico, nos Estados Unidos, haitianos imigrantes acusam políticos republicanos de assédio por causa de um boato cruel e ridículo: comer pets. Mais parece uma história saída de um circo de horrores, onde os palhaços se tornaram assombrações e os espetáculos são episódios de terror. Trump e Vance, mestres de cerimônia dessa peça grotesca, usam o medo como arma, transformando vidas em manchetes e o sofrimento alheio em moeda política. O mundo, ao que parece, virou um picadeiro onde os monstros reais são os que carregam ternos e bandeiras.
E assim segue o dia, entre halos solares e sombras humanas, entre praias limpas e sujeiras éticas, entre esperanças ilusórias e realidades cruéis. No palco desse teatro global, somos todos personagens, às vezes comediantes, outras, tragédias ambulantes, mas sempre na plateia do inesperado. Que o halo solar de hoje nos inspire a refletir mais e iluminar o caminho que teimamos em escurecer com nossos próprios passos. Que o brilho no céu seja o reflexo de um mundo que ainda pode brilhar, se assim desejarmos.