CRÔNICA
Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 24 de novembro de 2024
Domingo dia 24 de novembro de 2024 nadamos entre boas notícias, pedalamos em meio a tragédias e corremos contra o tempo em busca de um mundo melhor.
As notícias do dia 24 de novembro de 2024
Por Antonio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE
A manhã de 24 de novembro nasceu como uma metáfora do próprio Ironman: a humanidade, nadando em mares turbulentos, pedalando em estradas de escolhas e correndo rumo a metas que nem sempre sabe se alcançará. Foi o que vimos no feito de Rômulo Mendonça de Menezes, o sergipano de aço, que conquistou um merecido terceiro lugar no Ironman Aracaju. Rômulo, ao cruzar a linha de chegada, não era apenas um atleta. Era uma lição de resiliência, de quem sabe que o suor é a única moeda universal para pagar o pódio da vida. Aracaju o aplaudiu, mas no fundo, aplaudiu também o próprio esforço diário de tantos que competem na corrida da sobrevivência.
Enquanto Rômulo pedalava com determinação, o Uruguai virava uma página política. Yamandú Orsi, nome que mais parece poema gauchesco, trouxe a esquerda de volta ao poder. O conservadorismo entregou o bastão sem resistências, uma lição de civilidade política que anda tão rara quanto inverno no sertão. Quem sabe, entre o mate e o tango, os uruguaios estejam nos ensinando que alternância de poder é tão saudável quanto uma corrida matinal.
Mas nem tudo era poesia. Em Alagoas, o capotamento de um ônibus na Serra da Barriga nos lembrou que a vida, às vezes, é uma curva traiçoeira sem guard-rail. Dezessete mortos, quase 30 feridos e uma história marcada pela dor e pela negligência que já virou rotina. Um veículo lotado de esperanças desceu a ribanceira da fatalidade, deixando a pergunta que ninguém responde: até quando o Brasil será um país onde a manutenção de veículos é feita mais com orações do que com revisões?
E por falar em tragédias, Mangaratiba virou notícia com seu curioso fenômeno eleitoral: uma cidade com mais eleitores do que habitantes. Parece que a lógica eleitoral do país resolveu brincar de multiplicação dos pães, mas ao invés de milagres, entregou suspeitas e investigações. Um cenário que faz lembrar aquela piada velha: “no Brasil, até os fantasmas têm título de eleitor”.
Ainda assim, há faíscas de esperança no horizonte. No último domingo do Novembro Azul, ouvimos falar de uma vacina brasileira contra o câncer de próstata. No Brasil que insiste em dar murros em ponta de faca, surgem médicos e cientistas que preferem dar socos na doença. A ciência nos presenteia com uma centelha de luz, enquanto tantos insistem em vender escuridão.
Mas a paz não se achou nos céus de Israel e Beirute. O Hezbollah disparou foguetes, Israel respondeu com bombas, e o mundo assistiu a mais um episódio do eterno espetáculo de dor. Uma coreografia trágica, onde cada explosão é um verso de um poema que ninguém queria escrever.
E como se a guerra já não fosse suficiente, a COP29 nos trouxe um novo sabor de frustração: o sabor amargo do conformismo. Líderes mundiais se contentaram com um acordo de US$ 300 bilhões para combater as mudanças climáticas, uma gorjeta em comparação ao que realmente é necessário. Enquanto isso, o planeta continua aquecendo, e nós seguimos assando nossa própria existência em fogo alto.
No final das contas, o dia 24 de novembro foi como um triatlo humano: vitórias, derrotas e resistência. Nadamos entre boas notícias, pedalamos em meio a tragédias e corremos contra o tempo em busca de um mundo melhor. Que possamos aprender com Rômulo a não desistir, mesmo que o pódio pareça distante. Afinal, a vida é, ela mesma, o maior Ironman que já existiu.