CRÔNICA

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 21 de setembro de 2024 e as primeiras notícias do dia 22 de setembro de 2024

UM SHOW DE NÓTÍCIAS

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 21 de setembro de 2024 e as primeiras notícias do dia 22 de setembro de 2024
Publicado em 22/09/2024 às 15:55

Por Antonio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE


O palco global e o tablado nacional estavam mais agitados que um mar revolto em noite de tempestade. Aqui, na terrinha verde e amarela, a fiscalização da Mata Atlântica parecia uma dança de cadeiras ao som de motosserras: uma fiscalização aqui, um desmatamento ali, e lá se vai mais um pedaço do pulmão do mundo cortado sem anestesia. A ironia é que, enquanto a floresta grita socorro, os responsáveis por essa carnificina botânica se escondem atrás de folhas de papel, chamadas de “licenças”. Era como se eles tivessem transformado a própria mãe natureza em um banquete, servindo o verde em bandejas de ganância.

Enquanto isso, os políticos se preparam para as eleições com o mesmo entusiasmo de um leão faminto antes da caça. A regra do jogo diz que, a partir deste sábado, eles só podem ser presos em flagrante. É como se um mágico tivesse lançado um feitiço de invisibilidade: “Sim, senhores, sejam corruptos, enganem, mas não sejam pegos com a mão na massa!” Em um país onde a honestidade é artigo de luxo, os candidatos agora possuem um passaporte diplomático para a impunidade, desde que sejam espertos o suficiente para não serem pegos com os dedos na cumbuca.

Lula, do outro lado do oceano, discursava em Nova York com a eloquência de um poeta que conhece a dor de sua pátria. Falava de fome e mudanças climáticas como quem recita versos de um romance trágico. Mas, no fundo, era um grito desesperado, como o de um náufrago em alto-mar, acenando com uma folha de papel rabiscada de reformas para salvar o navio chamado mundo, que afunda em um oceano de desigualdades. O problema é que, nesse mar de líderes mundiais, todos parecem ter esquecido de como remar, preferindo discutir sobre a cor do colete salva-vidas.

Já no Brasil, os gastos com servidores públicos, que haviam minguado, prometem crescer de novo, como um gato que se esconde no sótão e de repente aparece no sofá, mais gordinho e faminto do que nunca. A proposta de orçamento de 2025 traz de volta a velha discussão: precisamos de uma reforma administrativa. E lá vamos nós, mais uma vez, como um hamster correndo na roda da ineficiência, onde muito se fala e pouco se faz. Enquanto isso, as despesas com o funcionalismo se agigantam, lembrando um balão inflável que ameaça explodir a qualquer momento.

E para fechar a semana com chave de ouro, a Polícia Federal, em uma caça digna de filme, prendeu 36 candidatos espalhados por dez estados. Entre os crimes, os figurões da política se misturavam a traficantes e estupradores, num retrato bizarro de um baile de máscaras onde, na pista de dança, os pares se formam por afinidade criminosa. Agora, com a imunidade eleitoral, os “bailarinos” só poderão ser interrompidos se tropeçarem no próprio pé, cometendo uma gafe em plena dança.

Lá fora, o mundo também não descansa. No Sri Lanka, um líder marxista ascendeu ao poder, embalado pelos anseios da juventude e pela revolta contra uma crise econômica que fez a economia local se assemelhar a um navio pirata, à deriva e afundando. A vitória de Anura Kumara Dissanayake foi como um raio em céu claro, trazendo esperança para alguns e medo para outros. Os poderosos que o assistiam subir ao pódio tremiam como folhas ao vento, temendo que a maré revolucionária atravessasse oceanos e se espalhasse.

Enquanto isso, em uma terra disputada palmo a palmo, o Exército de Israel decidiu fechar o escritório da Al Jazeera na Cisjordânia, como se tentasse, com uma mordaça, silenciar o eco de um conflito que insiste em não cessar. Era como colocar um esparadrapo em uma boca gritando de dor, uma tentativa desesperada de calar o impossível. Mas as palavras, assim como a água, sempre encontram um jeito de fluir.

O teatro das notícias continua, em um espetáculo onde as cortinas nunca se fecham. A vida segue, entremeada de ironias e tragédias, como um drama shakespeariano encenado por uma trupe de comediantes desajeitados. Resta-nos assistir, com o amargo na boca e a esperança no coração, que um dia esse palco deixe de ser uma tragicomédia para se tornar, quem sabe, uma ópera que cante os tempos de bonança.

E assim, seguimos, entre o riso e o pranto, tentando entender o enredo do mundo.