CRÔNICA
Crônica do Professor Antônio Glauber sobre as notícias do dia 21 de outubro de 2024
A crônica de hoje brinca com a seca que não cessa, com uma eleição anulada antes mesmo de seus "votos amadurecerem", com o flerte de São Paulo com a escuridão e com o furacão Oscar, que não quis deixar barato. Entre apagões, nazismos antiquados e tempestades políticas, seguimos tentando enxergar o que há além das nuvens escuras. Afinal, o humor, a ironia e a crítica sempre serão nossos fósforos no meio do apagão da vida.
As notícias do dia 21 de outubro de 2024
Por Antonio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE
O céu, outrora azul e promissor, parece ter sido tomado por uma imensa nuvem de caos e perplexidade, como se o vento forte do furacão Oscar tivesse feito uma breve escala em Sergipe antes de seguir sua rota de destruição. A seca, que devagar como quem não quer nada, foi se instalando em oito municípios, agora é moderada, mas com um peso que parece esmagar os dias de quem depende da chuva para sobreviver. Os céus secaram, e a terra clama, numa sinfonia de rachaduras, pedindo um alívio que tarda. E a chuva? Essa parece ter sido levada pela eleição antecipada da Mesa Diretora da Alese, que foi anulada por Moraes como quem tira o doce da boca de uma criança levada. “Um ano e meio antes?”, se perguntam os deuses da República. “Calma, nem os temporais de São Paulo foram tão antecipados”, dizem, em ironia divina.
Enquanto isso, a Enel brinca de esconde-esconde com a luz. São Paulo, a grande megalópole, se viu novamente à luz de velas, com seus cidadãos jogados no limbo tecnológico. O que não falta é apagão — seja na eletricidade, seja na transparência das emendas que os congressistas tentam, com mãos trêmulas, prometer aos olhos atentos do STF. Como se pudéssemos acreditar que, num sopro, tudo seria resolvido com um simples projeto de transparência, ainda mais em tempos onde a palavra “claridade” é a mais escassa.
Enquanto isso, em Aracaju, um preso tentava acender outras luzes, desta vez de uma era sombria, brincando com os símbolos da intolerância, que ele certamente considerava relíquias. Apologia ao nazismo? Parece até piada de mau gosto em tempos onde lutamos para não deixar que os ventos do passado nos assombrem. Mas ele, no seu mundinho distorcido, achou que poderia trazer essas sombras de volta, sem perceber que o tempo das trevas já deveria ter sido enterrado para sempre. Pena que alguns ainda insistem em brincar com fósforos ao lado de um barril de pólvora.
E por falar em ventos destrutivos, o furacão Oscar, esse sim, mostrou que tem força para derrubar casas, vidas e até mesmo a esperança dos cubanos, que agora, sem telhados, sem paredes e sem luz, tentam encontrar alguma faísca de energia para reconstruir o que foi varrido. Milhões sem energia, como se o mundo todo estivesse em um jogo cruel de esconde-esconde com a eletricidade. Enquanto isso, a vida continua, num vai e vem de apagões, secos e turbilhões políticos.
No final do dia, Sergipe segue seco, São Paulo à meia-luz, Cuba às escuras, e a esperança, essa sim, segue como uma lâmpada que ainda não apagou, mas vacila entre um fio de energia e outro. Resta-nos a certeza de que, apesar dos ventos fortes e das tempestades, sempre haverá algum raio de luz, mesmo que vindo de uma singela vela. A questão é: quem terá coragem de acendê-la?