CRÔNICA
Crônica do Professor Antônio Glauber sobre as notícias do dia 20 de novembro de 2024 – Dia da Consciência Negra
O desfile de notícias no dia da Consciência Negra
As Manchetes do dia 20 de novembro de 2024
Por Antônio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE
O sol de novembro brilha preguiçoso sobre as ruas de Aracaju, mas no domingo, as avenidas da cidade estarão mais confusas que fila de banco em dia de pagamento. A SMTT já anunciou mudanças no trânsito por conta de uma competição de triatlo. É o dia em que os atletas se tornam senhores das ruas, enquanto os motoristas ficam reféns de seus próprios carros, numa espécie de “jogo da paciência” que só termina na segunda-feira. Quem sabe, algum espírito olímpico ilumine as almas impacientes das buzinas frenéticas.
Enquanto isso, em Laranjeiras, o passado ressurge das sombras com a reabertura do Museu Afro Brasileiro. Cada peça ali exposta é uma cicatriz da história que não se apaga, um lembrete de que a escravidão foi o maior triatlo da dor humana: o mar revolto da travessia, a terra amarga do cativeiro e o ar sufocante da opressão. E no Dia da Consciência Negra, as marchas pelas ruas não são apenas passos, mas gritos de resistência que ecoam desde o Pelourinho até os corações anestesiados de hoje.
Mas nem tudo é consciência no dia a dia. O golpe da CNH volta à cena, provando que os criminosos têm mais criatividade do que roteiristas de Hollywood. É o SMS do desespero, que transforma descuidados em vítimas de uma trama digna de novela policial. O alerta já foi dado, mas sempre haverá quem clique no link como quem entra num túnel escuro sem saber se sairá do outro lado.
Longe do caos digital, Brasília abriu suas portas para um banquete diplomático. Lula recebeu Xi Jinping no Itamaraty, e lá estavam os “donos do Brasil” – Lira, Pacheco e Barroso – posando para fotos como se fossem amigos de longa data. O jantar foi farto, mas a verdadeira sobremesa foi o “sim” silencioso da diplomacia brasileira à expansão chinesa. Entre taças de vinho e discursos vazios, quem perdeu a identidade foi o prato nacional, substituído pelo tempero asiático dos interesses econômicos.
Enquanto isso, na Islândia, a natureza grita sua própria indignação. O vulcão, que já entrou em erupção pela décima vez em três anos, parece ser o porta-voz da Terra, cansada dos caprichos humanos. Cada explosão é um lembrete de que o planeta tem seus limites e que, entre cortes orçamentários e metas de crescimento, estamos ignorando o maior débito de todos: o ambiental.
Por falar em cortes, a Defesa aceitou a proposta da Fazenda para reduzir gastos. É um casamento arranjado entre o fuzil e o cinto apertado, onde os soldados marcham ao som do hino nacional enquanto o orçamento se desmancha como areia no vento. Quem sabe, no futuro, os desfiles militares sejam substituídos por atos simbólicos, com tanques feitos de papelão e drones movidos a pedal.
E por fim, a notícia que causa mais suor do que o triatlo de Aracaju: a lista de aprovados do CNU foi adiada. A decisão judicial exige reintegração de candidatos eliminados por “erros burocráticos”. É a corrida dos sonhos, onde a linha de chegada está cada vez mais longe, e o pódio é ocupado por quem sabe lidar com a burocracia. Afinal, no Brasil, vencer é para os resilientes, e aprovar é para os que não desistem.
Assim se encerra mais um dia no calendário brasileiro, com notícias que se alternam entre o cômico, o trágico e o absurdo. Que as metáforas nos ajudem a compreender o inusitado, e que a ironia nos permita rir daquilo que, muitas vezes, só nos resta chorar.