CRÔNICA

Crônica do Professor Antônio Glauber sobre as notícias do dia 18 de setembro de 2024

Notícias : A sanfona do Grammy e a martelada da Selic, entre a utopia de uma justiça tecnológica e o pesadelo de uma economia sufocante.

Crônica do Professor Antônio Glauber sobre as notícias do dia 18 de setembro de 2024
Publicado em 19/09/2024 às 0:30

As notícias do dia 18 de setembro de 2024


Por Antonio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE


O Brasil, país onde o ritmo do forró e do fado se encontram, hoje celebra o talento de Mestrinho e Mariana Aydar. A melodia que ressoa das sanfonas de Sergipe agora ecoa nos salões do Grammy Latino, com as raízes fincadas nas línguas que colonizaram e foram colonizadas. É como se a nossa música fosse um pé de mandacaru florescendo em pleno deserto, mostrando que, apesar das dificuldades, a cultura brasileira continua a brotar vigorosa e cheia de vida. Será que a conquista da indicação ao Grammy é a chuva tão esperada para o nosso sertão musical? Ou apenas um oásis ilusório para sedentar nossos ouvidos sedentos?

Enquanto isso, em Aracaju, um desastre que poderia ter sido evitado. Como é possível que um imóvel em construção, desprovido de um responsável técnico, venha a desabar, ameaçando a vida de uma mãe e seus filhos? A autuação do Crea é a mão pesada da justiça, mas será que ela chega a tempo para salvar as vítimas ou é apenas uma tardia tentativa de tampar o sol com a peneira? A nossa engenharia sem engenheiros é como um barco à deriva, navegando em mares revoltos, esperando, inevitavelmente, naufragar. Quem será o próximo a ser tragado por essas ondas de irresponsabilidade?

E, falando em tempestades, o Brasil, gigante por natureza, agora encontra-se em uma disputa singular com um dos titãs da tecnologia: Elon Musk. Intelectuais levantam suas vozes, como faróis em meio à neblina, pedindo apoio na luta contra esse Leviatã moderno. Musk, que por um lado promete levar-nos às estrelas, por outro, parece querer transformar a terra firme em seu playground particular. O embate entre um país tropical e um magnata interplanetário é, no mínimo, digno de um enredo de ficção científica. O Brasil, armado com suas leis e seus poucos satélites, enfrenta um dragão tecnológico. Quem será o São Jorge a vencer essa batalha?

Enquanto isso, no Pará, oito trabalhadores são encontrados em condições análogas à escravidão, bebendo água de córrego e vivendo em barracões de lona. O país do futuro parece ainda preso ao passado. São João e Maria perdidos no meio da floresta de carvoarias, não esperando por uma bruxa, mas pelos resgatadores. O Brasil, que se orgulha de ter abolido a escravidão em 1888, ainda carrega em suas entranhas a marca da servidão. O progresso, que deveria ser uma estrada pavimentada rumo à modernidade, muitas vezes se mostra um caminho de terra, cheio de buracos e lama.

Na Europa, enquanto isso, o gigante Google conseguiu evitar uma multa bilionária, como um jogador de pôquer que escapa de uma derrota certa com um blefe bem executado. O Velho Mundo, que tanto fala em justiça e igualdade, ainda se mostra incapaz de conter os monopólios modernos. O Google, que outrora era um mapa de tesouro para os navegantes da internet, agora se mostra como um pirata astuto, desviando as leis para escapar incólume. Quem poderá colocar um fim a esse domínio? Será que estamos todos à deriva, sem bússola, num mar de algoritmos e anúncios pagos?

Por fim, o Copom decidiu que o bolso dos brasileiros precisava de mais uma dose amarga de Selic. A taxa, que já era alta, agora chega a 10,75%, levando o Brasil a um amargo segundo lugar no ranking mundial de juros reais. É como se estivéssemos numa corrida onde o prêmio é uma inflação mais controlada, mas o preço é a falta de fôlego da economia. O país, que já patinava, agora parece ter as rodas presas no gelo da austeridade. Quem pagará essa conta? O trabalhador, já asfixiado pelos impostos, ou o empresário, que vê o crédito fugir como areia entre os dedos?

E, em meio a tudo isso, um embate internacional ameaça a paz mundial. O Irã, ferido, promete retaliar Israel, após um incidente envolvendo pagers explosivos do Hezbollah. A política internacional, que já se assemelha a um jogo de xadrez, torna-se um tabuleiro em chamas, onde cada movimento pode resultar em mais dor e sofrimento. Até quando o mundo será refém desses ciclos de violência e vingança? Será que estamos destinados a assistir, impotentes, esse eterno looping de destruição?

Assim, encerramos este 18 de setembro de 2024, com um Brasil dividido entre a sanfona do Grammy e a martelada da Selic, entre a utopia de uma justiça tecnológica e o pesadelo de uma economia sufocante. E enquanto o mundo gira, continuamos aqui, tentando entender o compasso dessa dança caótica e, quem sabe, encontrar nosso ritmo em meio a tantas dissonâncias. Porque, no fim, a esperança é a última a desabar.