CRÔNICA

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 16 de julho de 2024

O Dilúvio de Contradições

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 16 de julho de 2024
Publicado em 17/07/2024 às 14:07

Enquanto as nuvens negras se avolumam sobre Sergipe, trazendo promessas de chuvas intensas e acumulados expressivos, a vida cotidiana se desenrola com a mesma intensidade e imprevisibilidade das tempestades anunciadas. A previsão meteorológica é apenas um pano de fundo para o verdadeiro espetáculo: a miríade de acontecimentos que compõem o nosso dia a dia.

No epicentro desse turbilhão, crianças audaciosas, talvez inspiradas por um livro de aventuras, se esconderam em cima de um estepe de caminhão, na tentativa de alcançar o Éden praiano da Bahia. O que seria uma história de infância travessa, quase encantadora, revela-se um lembrete do desejo humano inato de explorar e transcender os limites – mesmo que esses limites sejam impostos por adultos preocupados e autoridades vigilantes.

Enquanto isso, em Aracaju, um simples vazamento interrompe o fornecimento de água no bairro Cidade Nova, lembrando-nos de que até as infraestruturas mais modernas podem falhar, deixando a população à mercê das falhas de um sistema que prometeu tanto, mas entregou tão pouco.

Em um cenário mais distante, mas não menos perturbador, três indivíduos são presos após cortar uma árvore de 140 anos no interior do Amapá. O Angelim Vermelho, testemunha silenciosa de gerações, sucumbiu à serra elétrica da ganância e do descaso ambiental. O cinismo atinge novas alturas quando esses mesmos indivíduos alegam estar produzindo carvão para um “mercado sustentável”. Se árvores pudessem falar, essa teria sido uma crônica de horror ambiental.

Enquanto isso, no palco internacional, o drama político se desenrola com a mesma intensidade de um furacão. A relação Brasil-Argentina se torna um cabo de guerra diplomático, onde os egos dos presidentes principalmente do idiota argentino sobem tão alto quanto as torres de marfim que construíram para si mesmos. As farpas trocadas são apenas mais uma tempestade em um copo d’água, refletindo as tempestades meteorológicas que nos rodeiam.

E, no Rio Grande do Sul, o BNDES financia a reconstrução de um estado devastado, enquanto gravações e “autorretratos” de antigos governantes se acumulam como nuvens carregadas no horizonte da justiça. A ironia aqui é tão densa quanto o ar antes da tempestade – documentos que deveriam servir à transparência acabam revelando um quadro nebuloso de manobras políticas e traições veladas.

Para completar o cenário de contradições, Celso Amorim vai à Casa Branca discutir a paz mundial, enquanto na França, Macron pede ao primeiro-ministro que fique, mesmo após aceitar sua renúncia. A política internacional dança uma valsa complicada, onde cada passo parece desafiar a gravidade da lógica.

E, claro, não poderia faltar a tragédia absurda: um ônibus parado na vertical na entrada de um túnel na Espanha, ferindo dezenas de pessoas. A vida imita a arte surrealista de Dalí, onde a realidade se distorce até parecer uma pintura de pesadelo.

Enquanto isso, na sombra de tudo isso, Trump é formalizado como candidato republicano à presidência dos EUA, aplausos para a impunidade, provando que, mesmo em um mundo cheio de tempestades e contradições, algumas coisas nunca mudam. E assim seguimos, navegando pelas águas turbulentas de um mundo onde a única constante é a imprevisibilidade, e cada dia é uma crônica escrita pelas mãos caprichosas do destino.

Por Antonio Glauber Santana Ferreira