CRÔNICA
Crônica do Professor Antônio Glauber sobre as notícias do dia 15 de novembro de 2024
"O Baile de Máscaras da República: Entre Cartões, Conflitos e Utopias"
“O Carnaval da República e seus Estandartes Invisíveis”
Por Antônio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE
Ah, o 15 de novembro! Dia em que o Brasil se enfeita com faixas, laços e discursos floridos sobre a tão aclamada Proclamação da República. Mas, convenhamos, enquanto os manuais de História celebram a transição da monarquia para um “governo do povo, pelo povo e para o povo”, o que temos, em pleno 2024, é um baile de máscaras onde a folia republicana esconde velhas mazelas.
O primeiro ato de notícias é protagonizado pelos dois “saltimbancos” que, no cenário dos caixas eletrônicos de Aracaju, manipulam cartões como cartas de um truque barato de mágica. Ali, com um dispositivo engenhoso, retêm os cartões de idosos, transformando a inocência da terceira idade em lucro sujo. No palco das injustiças, esses senhores golpistas não usam bigodes de vilões; preferem, ao contrário, o sorriso disfarçado e o olhar sedutor da falsa ajuda. E nossa República, mais uma vez, observa, impotente.
E, falando em territórios, a velha disputa por limites entre Aracaju e São Cristóvão soa como um bolero dramático. Moradores protestam como se estivessem em uma novela das seis, lutando pelo solo sagrado de suas casas. Justiça Federal, IBGE e burocratas de ternos bem cortados tentam desenhar, com réguas e mapas, o que o coração dos moradores já delimitou há tempos: o pertencimento não se mede em coordenadas geográficas.
Enquanto isso, no velho Teatro Atheneu, os corais cantam. Ah, que maravilha seria se a vida fosse regida por belas melodias! Mas a realidade desafina, e a harmonia de vozes é abafada pelo estrondoso barulho das armas nazistas apreendidas na Argentina. Em um mundo onde a orquestra do ódio parece estar sempre afinada, fica a pergunta: quantos bustos de ditadores ainda precisamos quebrar para, de fato, proclamarmos a república dos valores humanos?
E do outro lado do mundo, a Austrália tenta proteger suas crianças das redes sociais, como quem tenta colocar um cadeado em um barco furado no meio do oceano digital. Os políticos australianos, em uma coreografia desajeitada, dançam entre a moralidade pública e a privacidade pessoal, enquanto os jovens escapam pelas brechas como água em mãos apertadas. Será que a solução é mesmo proibir? Talvez seja o caso de educar e ensinar a navegar em mares virtuais tão traiçoeiros quanto o nosso velho mar de lama política.
Em Brasília, enquanto Lula se prepara para o G20, os investigadores correm atrás de sigilos fiscais, bancários e telemáticos de um certo Francisco Wanderley Luiz, o “vilão” da semana. Ceilândia, palco de seu teatro de horrores, agora se torna o cenário de um novo episódio da nossa série de mistérios nacionais. Seria trágico, se não fosse cômico, que enquanto o presidente busca diálogos de cúpula, outros buscam meios de desmoronar as instituições pelas sombras.
Mas nem tudo é trevas! No Amapá, onde o verde ainda reina soberano, uma luz se acende: a taxa zero de desmatamento. O único estado da Amazônia Legal que conseguiu esse feito, como um solitário sanfoneiro tocando uma melodia de esperança em meio ao sertão desolado da degradação ambiental. Será que é possível, entre tantos cacos espalhados pelo chão, ainda termos um fio de esperança? Talvez. Quem sabe?
E por fim, a cereja desse bolo amargo: um voo que sai de Estocolmo e deveria pousar em Miami, mas é forçado a dar meia volta. Turbulência severa, gritos, objetos voando e passageiros flutuando como folhas ao vento. Parece uma metáfora perfeita para o Brasil que decolou há mais de um século em direção à República, mas que, em meio a tantas sacudidas, ainda não conseguiu aterrissar em solo seguro.
No fim, somos todos passageiros desse voo republicano, torcendo para que, um dia, o comandante anuncie: “Senhoras e senhores, bem-vindos à República de verdade”. Até lá, seguimos apertando os cintos, entre uma reza e outra, esperando que a viagem não termine em mais um pouso forçado.
Feliz “Proclamação da República”! Que a máscara não caia antes da hora…