CRÔNICA
Crônica do Professor Antônio Glauber sobre as notícias do dia 14 de novembro de 2024
14 de novembro entre drones, tufões e sanfonas.
____________________________________________________________________________________
As notícias do dia 14 de novembro de 2024
_____________________________________________________________________________________
Por Antônio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE
Era uma dessas manhãs em que o sol de novembro brilha com uma intensidade capaz de ressuscitar até mesmo os sonhos mais desbotados. Mas, entre um gole de café e um piscar de olhos para as manchetes do dia, o mundo parecia ter decidido que os roteiros de ficção eram coisa do passado — agora, vivíamos todos em uma novela, com pitadas de ironia e sarcasmo mais amargas que jiló na panela.
Comecemos com o bairro Farolândia, em Aracaju, que resolveu competir com as cidades do interior e, veja só, ganhou de lavada. É tanto morador que, daqui a pouco, vão querer transformar o bairro em município e botar um prefeito só para ele. Enquanto os sertanejos lutam com a migração, Farolândia nada de braçada — quem precisa de sertão quando se tem prédios, shoppings e filas de trânsito que fariam qualquer um sentir saudade da roça?
E falando em competição, a música brasileira teve seu dia de glória. O sergipano Mestrinho e Mariana Aydar levaram para casa o Grammy Latino. Quem diria que o acordeon e o forró ainda tinham fôlego em um mundo tão cheio de autotune? Parece que, em meio à cacofonia global, ainda há quem saiba tocar a sanfona como quem dedilha os sentimentos — puxando a alma para dançar um xote apaixonado.
Mas, enquanto uns tocam para o coração, outros dançam em volta de leis e regulamentos. Os condomínios da Barra finalmente assinaram um acordo para proteger as tartarugas marinhas. Aplaudimos de pé… embora meio desconfiados. Será que é amor pela natureza ou só medo de um processo judicial que custe mais que uma cobertura com vista para o mar?
No campo das mudanças que não mudam nada, a Uber decidiu redesenhar suas regras e, como de costume, os motoristas que se virem. Agora, os queridos HB20 e Sandero estão fora da jogada. Quem diria que ser motorista de aplicativo exigiria mais planejamento estratégico que abrir uma franquia de fast-food? Entre 2024 e 2025, o lema é um só: “Quem pode, compra carro novo; quem não pode, aperta o cinto… do transporte público”.
E falando em aperto, o PIB brasileiro de 2022 subiu com a ajuda da agropecuária. Pois é, quando tudo mais desaba, é o agronegócio que segura o país nas costas, como um boi empacado na lama. O campo segue forte, enquanto a cidade… bem, segue se virando com farol quebrado e buracos no asfalto.
Enquanto isso, lá do outro lado do mundo, Kim Jong-un decidiu que o melhor presente de Natal para o planeta são drones explosivos em produção em massa. Porque, afinal, paz e prosperidade são tão século XX, não é mesmo? E as Filipinas, coitadas, nem têm tempo de se recuperar de uma tempestade antes que a próxima apareça, como aquele parente chato que nunca sai da sua casa depois da festa.
Mas o que me deixou mesmo com um nó na garganta foi a notícia vinda da Rússia. Fecharam o museu do Gulag em Moscou, alegando “problemas de segurança”. Ah, claro, o maior problema de segurança hoje em dia é mesmo relembrar os erros do passado. Porque, se a história não se encaixa na narrativa oficial, a solução é apagar os registros. O que são museus senão pedras no sapato de quem prefere contar só um lado da história?
Enquanto eu terminava meu café, uma certeza me invadia: o mundo é um palco e nós, pobres mortais, atores improvisados, tentando entender um roteiro que muda a cada novo parágrafo. Entre drones, tufões e sanfonas, vamos seguindo, com uma pitada de humor para não nos afogarmos na amargura e com muita crítica para não virarmos meros figurantes dessa tragicomédia chamada vida.
Hoje, resta-nos respirar fundo e, como dizia um certo poeta, rir para não chorar. Afinal, se não formos nós a desafiar a maré das más notícias, quem vai escrever a crônica irônica que nos salva do desespero?
Parabéns para o músico sergipano Mestrinho pelo Grammy Latino de Melhor Álbum de Música de Raízes em Língua Portuguesa orgulho pra Sergipe !
Por Antônio Glauber Santana Ferreira