CRÔNICA

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 13 de setembro de 2024

Esta crônica mistura a leveza das metáforas com a dureza da crítica, mostrando como os fatos se desenrolam como se fôssemos personagens secundários em uma grande tragédia global.

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 13 de setembro de 2024
Publicado em 14/09/2024 às 16:03

As notícias do dia 13 de setembro de 2024

________________________________________________________________________________________________________________

Por Antonio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE


O Procon, sempre vestido de investigador de preços, resolveu mergulhar na selva eletrônica de Aracaju, armando uma lupa e caderno para dissecar os preços de smartphones, notebooks e TVs que, se falassem, talvez gritassem de vergonha dos seus valores astronômicos. É como se cada pixel das telas quisesse cobrar uma pequena fortuna por existir. Na terra onde eletrônicos são tratados como membros da nobreza, o cidadão comum que tenta comprar um aparelho é mais um peão no tabuleiro de xadrez da inflação.

Enquanto isso, o Mais Médicos traz seus soldados de jaleco branco, prontos para enfrentar o caos da saúde sergipana. São como anjos com estetoscópios, mas, convenhamos, há algo de irônico em celebrarmos a chegada de 30 profissionais, quando as filas nos hospitais mais parecem procissões intermináveis, esperando por um milagre que nunca chega. É como tentar curar uma hemorragia com band-aid: simbólico, mas ineficaz.

No cenário mais quente que um verão sem fim, o Brasil arde – literalmente. Quase 50 mil focos de incêndio em apenas 12 dias de setembro, como se o país estivesse virando churrasco no fogo de sua própria imprudência. Somos uma grande grelha verde-amarela, onde o desmatamento e as queimadas disputam o título de “melhor piromania”. No fim, quem torra mesmo somos nós, respirando o ar seco e os gritos silenciosos da natureza.

Por falar em queimadas, Moraes resolveu dar uma queimada no bolso de algumas estrelas da tecnologia. R$ 18 milhões bloqueados, e logo de quem? Do homem do “X” e da Starlink, que acreditam estar acima das leis terrestres. Uma lição básica: até o mais poderoso satélite, uma vez em órbita, deve seguir as regras da gravidade… e da Justiça. Dinheiro nas estrelas, mas o puxão é da União.

E em um momento em que todos parecem ter “dinheiro esquecido”, o governo, que adora botar as mãos onde não é chamado, descobriu que quase 1 milhão de pessoas têm mais de R$ 1 mil esperando. Parece conto de fadas, mas é real: valores esquecidos que ressurgem como tesouros enterrados. Quem diria que até o dinheiro pode ser amnésico? A diferença é que, neste caso, o governo está mais que disposto a “lembrar” a todos, antes que o prazo acabe.

E, do outro lado do planeta, a ironia ganhou vida própria. O presidente de Comores sobreviveu a um ataque com faca, apenas para que o atacante fosse encontrado morto na cela. Um destino cruel e rápido, digno de uma novela trágica. Em contraste, a sobrevivência de Assoumani parece uma piada amarga no contexto político global: enquanto líderes são apunhalados em suas terras, outros líderes, como Putin, continuam a cravar sua faca no mapa da Ucrânia, advertindo os vizinhos do Ocidente a não entrarem no território em chamas. Ah, o mundo, sempre um palco, onde os ditadores escrevem seus scripts de guerra e os cidadãos se perguntam se a plateia, desta vez, verá um final feliz.

Entre chamas, facas e números flutuando, uma sexta-feira 13 de setembro mais parecia um dia de Halloween político, onde as máscaras caem e os monstros da realidade saem para brincar. Seja no fogo das florestas, no gelo das leis ou no teatro das guerras, estamos todos no mesmo palco – com um ingresso que, a cada dia, parece nos custar um pouco mais.

E o espetáculo? Esse nunca termina.