CRÔNICA
Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 11 de outubro de 2024
O giro de notícias da sexta-feira dia 11 de outubro de 2024.
As Manchetes de uma Sexta-Feira teatral
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Por Antonio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE
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No grande teatro da vida, o palco é ocupado por uma peça trágica e cômica, onde o cenário muda a cada manchete. Ali, o incêndio na Avenida Tancredo Neves é apenas um pequeno ensaio da desordem urbana que teima em nos acenar, como se dissesse: “Aqui vai mais um capítulo de caos para animar sua sexta-feira!” O fogo, impiedoso, transformou o carro em cinzas, mas ninguém saiu machucado, exceto o trânsito, que, como um ator dramático, parou, fez birra e criou seu congestionamento de praxe. E assim seguimos, encenando a rotina, onde o herói é sempre o motorista atrasado, que luta contra uma cidade que parece querer prendê-lo na trama de asfalto.
Lá em Propriá, o açougueiro clandestino também fez sua aparição na peça do dia, um personagem que trouxe à cena a carne imprópria para consumo, vendida como se fosse um corte nobre. O abatedouro clandestino, desativado, é um símbolo de um Brasil que insiste em manter certos hábitos à sombra da legalidade. Afinal, por que não? Em um país onde a carne é cara e os princípios, às vezes, são mais baratos, a ética parece um ator coadjuvante que só entra em cena quando a Polícia Civil aparece para interromper o espetáculo.
Enquanto isso, em Aracaju, a burocracia com cara de boas intenções monta seu palco no atendimento prioritário às crianças. Cem de manhã, cem à tarde. A fila, o protocolo e o carimbo são os diretores dessa comédia trágica. As crianças, essas sim, são as estrelas, mas será que merecem essa papelada toda? O governo aplaude seu próprio esforço, e nós, meros espectadores, assistimos ao show de promessas e atendimentos cronometrados.
E no interior de São Paulo, a ficção se funde com a realidade, e não no bom sentido. Os deepfakes invadiram as escolas, criando uma nova versão da perversidade humana. Montagens pornográficas, falsos nudes, e a dignidade alheia destruída com um clique. Em Itararé, Maceió, Salvador e Cuiabá, o espetáculo é grotesco, uma tecnologia de cinema de terror aplicada ao cotidiano escolar. Os culpados, quase invisíveis, manipulam as imagens como marionetistas cruéis, enquanto as vítimas, muitas delas menores de idade, são arrastadas para esse circo de horrores.
E como uma luz no meio dessa escuridão, o Círio de Nazaré brilha no horizonte. Lá, em Belém, o presidente Lula caminha em meio à fé e à devoção. As procissões, como cenas de um drama antigo e solene, trazem uma pausa para a reflexão. Romaria Fluvial, Trasladação, Círio… Palavras que soam como poesia num país em que, muitas vezes, a política se mistura com religião como numa peça onde os atores não sabem ao certo se estão representando ou vivendo de verdade.
Mas, se olharmos mais para o alto, para o outro lado do mundo, a natureza também resolveu dar o seu show. A rara aurora boreal que iluminou Altay, na China, é um espetáculo à parte, uma dança cósmica que nos lembra o quão pequenos somos diante do universo. E enquanto o céu se pintava com cores que pareciam saídas de um sonho, a SpaceX, aqui na Terra, planejava seu segundo ato de grandeza. A nave Starship, mais poderosa que qualquer foguete que já vimos, está pronta para seu novo voo. Mas será que a humanidade está pronta para desbravar novas galáxias, enquanto ainda tropeçamos nas mesmas velhas armadilhas aqui na Terra?
No fim, o teatro da vida continua. Somos todos personagens em busca de uma trama mais justa, onde o riso não seja sempre cínico e onde o final não seja sempre trágico. Mas, por enquanto, seguimos assistindo à peça do cotidiano, onde as cortinas raramente se fecham e o intervalo, infelizmente, nunca chega.