CRÔNICA
Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 11 de novembro de 2024
O desfile de notícias do 11º dia de novembro de 2024.
As notícias do dia 11 de novembro de 2024
Por Antonio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE
Os radares, esses sentinelas eletrônicos, voltaram às estradas sergipanas como cães de guarda eletrônicos, prontos para morder o bolso do motorista apressado. Depois de um longo exílio, esses olhos vermelhos, que piscam sem piedade, ressurgem como fênix do asfalto, prometendo um Natal um pouco mais magro para quem confunde o acelerador com o pedal da felicidade. E quem diria? O governo, esse mestre do bordado burocrático, não perde tempo em ressuscitar seus métodos de arrecadação — afinal, nem o Papai Noel trabalha de graça.
Enquanto isso, lá no reino encantado do vestibular, o ENEM surge como um dragão de duas cabeças. Para quem enfrentou apagões e contágios no dia fatídico, eis que surge a ‘segunda chamada’, o tão sonhado replay da chance perdida. Parece até um daqueles episódios em que o herói se levanta após a queda, mas cuidado: a contagem regressiva para a inscrição já começou, e, para muitos, esta é a última dança antes que as cortinas se fechem.
Falando em café, o Brasil, esse mestre na arte de cultivar a felicidade líquida, quebrou recordes de exportação. Outubro trouxe uma safra tão robusta quanto o aroma do cafezinho de vó. Mas, como toda história brasileira, sempre há um porém: os portos, essas bocas esfomeadas que nunca conseguem mastigar o suficiente, engasgaram com 2,1 milhões de sacas. É como preparar o banquete e esquecer de abrir a porta para os convidados. Ah, Brasil, quando é que vamos aprender a temperar o feijão sem deixar queimar o arroz?
Mas nem tudo é azedo no cardápio das notícias. O governo, em um raro lampejo de empatia, zerou o imposto para medicamentos oncológicos. Finalmente, uma pitada de sensatez nesse caldeirão de gastos. Um alívio, embora tardio, para aqueles que lutam pela vida em meio ao pandemônio de boletos. Se saúde é mesmo um direito, talvez, por um momento, o Brasil tenha tirado o pé da lama e oferecido um galho seco para quem está no fundo do poço.
E aí vem ele, o grande sonho de ano novo: a Mega da Virada. Com R$ 600 milhões no pote, essa é a nossa versão tupiniquim do pote de ouro no fim do arco-íris. Milhões de brasileiros, com a fé de São Tomé e o desespero de um apostador nato, já correm para fazer suas fezadas. Afinal, quem nunca sonhou em fugir da fila do SUS, pagar as contas atrasadas e, quem sabe, até tirar um selfie em Paris com a Torre Eiffel ao fundo? No país das desigualdades, a esperança é sempre colocada à venda — e a Mega é a última a sair do bote.
Enquanto Haddad tenta, como um equilibrista sem rede, cortar gastos para salvar o barco da economia, Lula, o maestro dessa orquestra desafinada, pede mais um ministério no corte de gastos. Parece até piada, mas aqui estamos, um país onde a solução para o excesso é adicionar mais peso à balança. É como um navio que afunda, e o capitão decide colocar mais tripulantes a bordo, porque, afinal, por que não?
No palco global, um novo ator entra em cena. Massad Boulos, o bilionário libanês e sogro da filha de Trump, é cotado como o mais novo articulador para aliviar as tensões no Oriente Médio. Quem diria que os laços de família agora podem ser usados como moeda de paz? Se é que a paz tem preço, parece que estamos prestes a descobrir o valor exato em dólares.
E, por fim, um lembrete amargo do que temos feito ao nosso planeta. Um estudo recém-saído do forno gelado da Antártida indica que estamos perigosamente próximos de cruzar o fatídico limite de 1,5°C de aquecimento. Os cientistas, esses arqueólogos do clima, desenterraram camadas de gelo como quem folheia páginas de um livro milenar, revelando uma história que insiste em se repetir. Estamos, ao que tudo indica, brincando de roleta russa com o termômetro do planeta. E, a cada tiro, a Terra se aquece, como se estivesse prestes a explodir em um frenesi tropical.
Talvez, nessa montanha-russa de notícias, tenhamos esquecido que, no fim das contas, somos apenas passageiros de um trem desgovernado chamado Terra. Se ao menos parássemos de pisar tão fundo no acelerador…