CRÔNICA
Crônica do Professor Antônio Glauber sobre as notícias do dia 09 de setembro de 2024
Sob Céus Laranjas e Caminhos Turvos: Crônica das Notícias de 09 de Setembro de 2024
As principais manchetes do dia 09 de setembro de 2024
Por Antonio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE
Os ventos deste setembro não sopraram flores, e os céus, que deveriam ser azuis, parecem tingidos de laranja, como a revolta de um planeta que clama por um pouco de ar. Jataí, em Goiás, amanheceu como se vivesse numa pintura distópica, o céu sufocado pela fumaça dos incêndios, e seus habitantes, com máscaras nos rostos, caminham como personagens de um conto que esqueceram de escrever o final feliz. E quem precisa respirar? Parece que só quando nos falta o ar é que percebemos a importância dele.
Enquanto os céus ardem no centro-oeste, em São Cristóvão, os gestos de amor se perdem no mais profundo labirinto da insensatez. Uma mulher, carregando em seu íntimo a antítese do carinho, tenta burlar o destino e a lei, escondendo o que não deveria ser escondido. Amor bandido, amor perdido, e a fronteira entre o certo e o errado se torna tão fina quanto o plástico que embala o seu desejo.
E por falar em fronteiras… o STF decidiu que até os segredos bancários não têm mais muros altos. Bancos que antes pareciam castelos invioláveis agora terão de abrir suas portas para que os estados possam farejar centavo por centavo. Vivemos em um mundo de transparências, mas curiosamente, quanto mais se revela, mais se esconde o essencial: a ética, o respeito, a justiça.
Aracaju, a capital que tanto amo, vê sua modernidade sendo furtada, cabo a cabo. Os semáforos, que deveriam trazer ordem ao caos, agora piscam tristemente, vítimas de um crime que corta mais do que fios: corta a esperança de um progresso seguro. E os ortopedistas no Huse? Trabalham dobrado, como se as quedas da cidade fossem reflexos das quedas de um país inteiro.
No mundo político, a dança das cadeiras segue. Lula traz Macaé Evaristo para o Ministério dos Direitos Humanos. Uma mulher negra, prima de Conceição Evaristo, um nome que carrega história e luta. Um suspiro de renovação? Talvez. Mas em tempos de promessas quebradas e de alianças frágeis, resta saber: até quando o ideal sobreviverá às pressões dos bastidores?
Maduro, por sua vez, continua seu tango solitário, declarando vitória enquanto seus opositores buscam refúgio em terras estrangeiras. González fugiu, mas a democracia ficou para trás, numa sala escura, esperando que alguém acenda a luz.
E se a política parece um jogo de sombras, o Oriente Médio continua a ser o palco das maiores tragédias. Quarenta vidas se apagaram em Gaza, vítimas de mísseis que não escolhem lado, não perguntam nome. São tragédias que já não nos surpreendem, mas que, a cada dia, deixam o mundo um pouco mais frio e distante da paz.
Para fechar com uma ironia ácida, no Uruguai, uma terra de poetas e de futebol, um adolescente de 14 anos fala em explosões, terror e morte. Que mundo é esse onde a juventude, em vez de plantar sonhos, decide plantar destruição?
E assim, seguimos. No céu laranja de Jataí, no coração partido da mulher presa em Sergipe, nos cabos que desaparecem em Aracaju e nas vidas que se perdem pelo mundo. Quem sabe, um dia, possamos parar de caminhar no escuro, tateando por respostas. Afinal, como diria um poeta perdido, “o futuro é só uma estrada cheia de curvas, mas é a única que temos para seguir.”