Crônica de Glauber

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 08 de junho de 2024.

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 08  de junho de 2024.
Publicado em 09/06/2024 às 12:43

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 08 de junho de 2024.

O Oitavo Dia de Junho, um mosaico de emoções e ironias, desenrola-se como um tapete de festa junina em Sergipe. Em Lagoa Redonda, Pirambu, o padroeiro Santo Antônio brinda a comunidade com a alegria e a celebração, um refúgio de riso e devoção em meio ao caos do mundo. Como se dançassem quadrilha ao som de sanfona, os moradores esquecem, ainda que brevemente, as tempestades que se formam além de seus horizontes.

Em Aracaju, a Fundat abre as portas virtuais para 1,2 mil vagas em oficinas online. Um gesto nobre, sem dúvida, mas não podemos deixar de notar a ironia de ensinar sobre o mundo pela tela de um computador, enquanto o mundo lá fora arde e se afoga. Será que entre as oficinas há uma sobre como sobreviver ao apocalipse climático?

Falando em fogo, a bacia do rio Paraguai arde com uma fúria que não se via desde 2010. O Pantanal se converteu em uma pira funerária de biodiversidade, onde a seca recorde é o toque final em uma melodia triste de destruição. Em meio às chamas, uma voz crítica pergunta: quem são os verdadeiros incendiários? O homem ou a natureza apenas devolvendo o que lhe foi tirado?

Enquanto isso, no Caribe, uma ilha se despede de seus habitantes, expulsos pela inexorável elevação do nível do mar. Num gesto quase poético, são relocados para uma plantação de mandioca no continente. É como se a Mãe Terra dissesse: “Vocês queriam terra firme? Eis a raiz da sua sobrevivência.” O aquecimento global não apenas aquece, ele queima pontes e constrói muros de água salgada.

Do outro lado do espectro, no Japão, parlamentares investigam óvnis, preocupados com a segurança nacional. Talvez estejam certos, afinal, se até as estrelas nos enviam sinais estranhos, quem somos nós para ignorar? Mas será que os óvnis são a real ameaça ou apenas um espelho refletindo nossas próprias incertezas e medos?

E no meio de tanta incerteza, a economista Maria da Conceição Tavares nos deixa, aos 94 anos. Uma perda que ressoa como um sino fúnebre em meio ao burburinho do mercado financeiro. Sua sabedoria agora ecoa nas salas de aula da UFRJ, onde o legado de suas ideias continua a provocar e inspirar.

Mas nem tudo é tristeza. A PRF se despede de Fiona, uma cadela que causou um prejuízo de R$ 60 milhões ao crime organizado. Se os criminosos não dormem à noite, parte da culpa é dela. Agora aposentada, Fiona vai descansar merecidamente, enquanto o policial Tobias Mesquita da Silva lhe oferece um lar, um verdadeiro ato de humanidade em tempos de tanta desumanidade. No esporte a seleção brasileira de futebol venceu o México pelo placar de 3 a 2.

E para encerrar, a feira junina da Ceasa Aracaju começa. Em meio a pratos típicos e a alegria do povo, encontramos um respiro, um sorriso no rosto de quem ainda acredita na magia do São João. Talvez, no fim, o que nos resta é celebrar, rir e dançar, como se o mundo não estivesse pegando fogo.

Ah, o oitavo dia de junho, um dia que se desenrola como uma fita colorida de São João, cheia de metáforas, ironias e críticas. Um lembrete de que, mesmo em meio ao caos, há sempre espaço para um pouco de festa e um riso, ainda que nervoso.

Autor: Antonio Glauber Santana Ferreira