CRÔNICA

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 07 de novembro de 2024

07 de novembro de 2024 um dia de saudade.

Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 07 de novembro de 2024
Publicado em 07/11/2024 às 17:01

As Manchetes do Antonio Glauber em Crônica


Por Antônio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE


Hoje é sete de novembro, um dia que já acorda melancólico, como se o céu houvesse aberto uma gaveta de memórias. Sete anos de saudade do meu querido pai, Renato Ferreira, o Nor. Sete, esse número que dança entre místico e sagrado, como um verso que nunca se apaga. A saudade é uma professora severa: ensina sem nunca dar folga, insiste na matéria do vazio, uma aula que dói em cada lembrança, mas também aquece.

E, enquanto o coração pulsa essas memórias, as notícias do dia se desenrolam como um jornal de metáforas mal alinhadas. Lá em Aracaju, 390 vagas para cursos e oficinas esperam por almas que buscam aperfeiçoamento. Qualificações em meio a uma cidade que tenta se qualificar para uma vida melhor. Ah, quem dera houvesse um curso para a saudade ou uma oficina para remendar corações quebrados. Mas não, as vagas são para algo mais prático, dizem eles, algo que coloque comida na mesa. Mal sabem que algumas mesas carecem mais de presenças do que de pratos.

Enquanto isso, no centro de Aracaju, uma clínica de sorrisos acabou sorrindo demais e agora amarga o fel da justiça. Um dentista – esse guardião dos sorrisos – foi preso por furto de energia. Irônico, não? A luz que deveria iluminar vidas foi desviada para iluminar lucros. Uma clínica que promete corrigir dentes tortos, mas que parece ter esquecido de alinhar os próprios princípios. Seria cômico, se não fosse triste.

E para quem pensa que já viu de tudo, a Universidade Federal de Sergipe abre suas portas para os sábios de cabelos brancos, para aqueles que ainda desejam aprender, porque a idade, ao que parece, é uma invenção. A Unatise é o respiro que mostra que o saber não tem prazo de validade e que a velhice, se bem aproveitada, é uma primavera tardia. Os jovens que se cuidem, pois os sessentões estão chegando com fome de conhecimento.

Já em Brasília, o presidente Lula reuniu ministros, novamente, para falar de cortes de gastos. Lá vai o governo, como um alfaiate às pressas, tentando costurar uma manta de economia que nunca cobre todos os pés. O mercado é aquele cliente exigente que, mesmo sem saber costurar, critica o ponto e a linha. Enquanto isso, a sociedade aguarda – fria, talvez cética –, sentada na sala de espera, imaginando se, algum dia, as contas fecharão sem que a fatura caia sempre no colo do cidadão comum.

E por falar em contas, o Banco Central revelou que existe um baú de R$ 8,53 bilhões em “dinheiro esquecido”. Ora, é curioso que o Tesouro Nacional se lembre de cada centavo esquecido, enquanto muita gente nem lembra onde guardou as chaves de casa. Dinheiro esquecido por uns, mas jamais esquecido por quem o quer recolher – que ironia, este é o tesouro de quem nunca perde uma lembrança. Se ao menos pudéssemos contestar também os esquecimentos do coração…

Do outro lado do mundo, a Alemanha cambaleia, quase tropeçando numa crise política que ameaça quebrar o frágil espelho do governo. É como se o país estivesse num jogo de quebra-cabeça onde cada peça é uma divergência. Desmonta-se um governo que, ao que parece, tinha sua única união na discórdia. O presidente já cogita novas eleições, como quem se vê diante de uma casa em ruínas e prefere demolir a tentar reformar.

E, no Brasil, os guardas civis metropolitanos arrastam uma vereadora eleita e um ex-deputado durante um protesto contra a remoção de árvores. Não há metáfora melhor: uma luta para arrancar raízes e outra para protegê-las. A política se embrenha no verde, e os guardas são como ventos contrários, derrubando aqueles que se agarram ao tronco de uma causa. O que resta são galhos partidos e uma rua despida, como uma promessa traída pelo concreto.

Enquanto isso, Putin estende um aceno a Trump, fazendo o mundo tremer. Parabéns aqui, concessões acolá, e a Europa segura a respiração, como quem assiste a uma dança entre serpentes. Zelensky, do alto de sua dor, grita que ceder seria suicídio. É um cenário onde o mundo vira refém do poder e a paz, uma moeda de troca.

E lá na Austrália, o governo quer proibir os menores de 16 de acessar redes sociais. Ah, as redes, que prometiam conectar o mundo, agora se tornam o espinho que queremos evitar. Menores de 16 afastados do universo virtual – um tiro que, se acertar, pode nos mostrar uma juventude menos frenética, talvez mais focada no toque do real, longe dos likes que sugam a alma.

Assim segue o dia 7 de novembro, um palco onde cada manchete carrega suas ironias, suas promessas e suas perdas. Um dia em que, entre tantas saudades e tantas notícias, fica aquele vazio – de um pai, de uma palavra, de um futuro que não se sabe se virá melhor.