CRÔNICA
Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 07 de julho de 2024
Crônica: A Quimera do Nosso Tempo
Era uma manhã que se anunciava com um tom agridoce, quando a notícia cortou o ar como um bisturi de desilusão: um policial militar aposentado foi brutalmente assassinado a pauladas em Carira, Sergipe. A violência, essa velha conhecida que já não causa espanto, nos fez lembrar de como a vida pode ser efêmera e crua, um espetáculo trágico encenado à luz do dia. Os suspeitos foram presos em flagrante, mas isso não apaga a brutalidade do ato nem a sensação de impotência que nos assola.
Enquanto a escuridão da violência pairava sobre nós, um raio de luz emergiu da história, mais precisamente da pré-história. O emocionante resgate do mapa de estrelas mais antigo do mundo, liderado pelo arqueólogo Harald Meller, trouxe à tona um artefato que pode reescrever os céus de nossos antepassados. Em meio a criminosos, o mapa foi salvo, quase como se o próprio cosmos quisesse preservar seu legado. Ironia das ironias, a salvação do passado vem das mãos que também esculpem o presente sombrio.
E por falar em tempos, a economia prateada brilha no horizonte com seus trilhões de dólares, um mercado moldado pelos empreendedores maduros que, surpreendentemente, têm mais chances de sucesso. Parece que a sabedoria acumulada vale mais do que o vigor juvenil, numa inversão de valores que desafia a lógica do capitalismo moderno. Quem diria que os cabelos brancos, muitas vezes subestimados, guardavam a chave para o futuro econômico?
Enquanto isso, no palco político, a reforma tributária se transforma numa novela de suspense. A cesta básica mais restrita desagrada o setor privado, que agora ameaça apelar ao Congresso. Como uma peça de teatro mal ensaiada, os protagonistas brigam por migalhas enquanto o público, nós, assistimos atônitos ao espetáculo da hipocrisia. Quanto mais favorecimentos, maior a alíquota padrão, nos dizem. É o preço da justiça tributária, dizem. Mas quem paga essa conta?
Em contraste, um programa inovador está transformando a educação pública no Rio de Janeiro. O projeto “Ciência e Gestão pela Educação” prova que com medidas simples e investimentos modestos, é possível operar milagres. Aos olhos do mundo, 16 mil estudantes se tornaram protagonistas de uma história de sucesso, provando que a mudança é possível, mesmo num sistema viciado em falhas.
Mas nem tudo é esperança. O mundo registra o 13º mês consecutivo de recorde de calor. Junho de 2024 foi o mais quente já registrado globalmente, com uma temperatura média de 16,66°C. O planeta arde, e nós, aparentemente, dançamos sobre as brasas sem perceber que o chão está prestes a ceder.
Enquanto o calor sufoca, o cenário político ferve. Lula, em mais uma de suas cruzadas diplomáticas, participa da cúpula do Mercosul para formalizar a entrada da Bolívia no bloco e discutir a recente tentativa de golpe no país andino. O Mercosul se torna um campo de batalha contra a extrema direita, que, mesmo ausente, faz sentir sua presença. E na França, uma reviravolta política: a esquerda vence as eleições legislativas, mas não forma maioria. A nova Frente Popular se torna a maior força do Parlamento, num jogo de poder onde a incerteza é a única constante.
Entre tragédias e triunfos, o nosso tempo se revela uma quimera, onde cada dia é uma mistura de luz e sombra, de esperança e desespero. Vivemos numa era de contrastes, onde o velho e o novo se chocam, onde o progresso e a destruição caminham lado a lado. E nós, espectadores e participantes desse drama, seguimos adiante, sempre à espera do próximo ato.
Autor: Antonio Glauber Santana Ferreira