CRÔNICA
Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 06 de outubro de 2024
06 de outubro de 2024 um domingo de eleições municipais no Brasil.
Por Antonio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE
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Se o futebol de campo é o samba, o futsal é o frevo, frenético e impossível de conter. E nesse passo acelerado, o Brasil dançou sobre a Argentina, como se Ferrão e Rafa Santos fossem maestros de uma orquestra de passes rápidos e dribles curtos, escrevendo poesia com os pés nas quadras. Foi uma noite em que Willian, o goleiro, não só fechou o gol, mas pareceu erguer muralhas invisíveis, como se o destino tivesse sussurrado em seu ouvido: “Hoje, tu serás gigante.” Hexacampeonato! Não é só um título, é uma conversa com a eternidade, um sussurro no ouvido da história que lembra que o Brasil, de tempos em tempos, volta ao trono do mundo.
Enquanto isso, a dança das urnas pintou um cenário diferente. Em Aracaju, Emília Corrêa e Luiz Roberto se preparam para mais um tango eleitoral. Quem será que vai conduzir os próximos passos dessa coreografia política? O eleitor, claro, é o maestro, e o palco do segundo turno promete ser acirrado, com passos que, ora são leves, ora são pesados, numa batalha por corações, mentes e votos. Em São Paulo, Ricardo Nunes e Guilherme Boulos também estão em ritmo de disputa, enquanto Pablo Marçal, como um solista que perdeu o compasso por um suspiro de segundo, viu seus votos escorrerem pelas bordas da urna.
Em Japaratuba Décio foi eleito e em Pirambu, Guilherme foi reeleito . As ruas, as redes e os sussurros dos bastidores confirmam o baile dos vencedores para quatro anos de gestão.
Mas nem tudo são celebrações. Em Aracaju, a violência manchou as urnas de sangue. O amor, que um dia foi jurado, se transformou em faca nas costas de uma mulher, numa triste coreografia de ódio que culminou com o agressor caindo baleado. Que ironia amarga: em um dia de celebração da democracia, vemos a tragédia de um feminicídio frustrado, mas marcado pela dor de mais uma mulher machucada. A justiça, aqui, vestiu a farda do policial à paisana que agiu, como um herói anônimo em meio à balbúrdia eleitoral.
Enquanto isso, lá na Antártica, o gelo está, literalmente, derretendo sob nossos pés. O continente branco, que deveria ser o símbolo de imutabilidade, agora se veste de verde. Não de esperança, mas de desespero. A vegetação avança, mas com ela avança também o aquecimento global. E nós, espectadores insensíveis, continuamos aplaudindo nossa própria destruição. Cientistas gritam, mas o mundo, distraído com suas eleições e esportes, prefere tapar os ouvidos.
E como se o cenário global já não estivesse agitado o suficiente, o furacão Milton decidiu que a Flórida precisava de mais um lembrete de que a natureza é soberana. Depois de Helene, setembro já parecia um capítulo trágico, mas Milton, com a força de um rolo compressor, parece disposto a reescrever outubro. E, no Oriente Médio, o bombardeio de Israel sobre Beirute e a Faixa de Gaza, além do contra-ataque do Hezbollah, nos lembra que a paz, assim como o gelo da Antártica, está em extinção. Em meio a tanto fogo cruzado, brasileiros sendo resgatados do Líbano parecem pequenas notas de alívio numa partitura de caos.
Por fim, a vida, sempre irônica e cruel, nos arranca Sammy Basso, o jovem que envelheceu cedo demais. Ele, que foi símbolo de luta contra a progéria, mostrou que a vitalidade não está na quantidade de anos, mas na forma como se vive cada segundo. Aos 28, ele nos deixou, mas a sua lição é eterna: o tempo é relativo, e não importa o quanto ele passe rápido ou devagar, o importante é vivê-lo intensamente.
E assim, entre vitórias, tragédias e reviravoltas climáticas, a vida segue seu ritmo. Uns celebram, outros lamentam, e todos dançamos ao som de uma sinfonia caótica, onde cada nota representa uma notícia, e cada acorde nos lembra que, no final, somos apenas passageiros no grande espetáculo da existência.