CRÔNICA
Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 05 de novembro de 2024
Tristeza na partida de Dona Detinha , capivaras se aventuram, mapas que se redesenham, seguros que se regulamentam, fortunas que se acumulam.
As notícias do dia 05 de novembro de 2024
Por Antonio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE
A vida, essa professora invisível e sagaz, nos ensina que somos passageiros em um trem que não faz paradas previstas. Dona Detinha, a mestra incansável de Japaratuba, encerrou sua jornada, deixando um vazio imenso, uma cadeira vazia na sala de aula da existência. Lutou como uma guerreira, daquelas que as lendas contam em sussurros, e, ao partir, deixa uma marca indelével. O relógio da cidade pareceu parar por um instante, e, entre lágrimas, Japaratuba testemunha o fim de um capítulo de sua própria história, com a certeza de que o legado da nobre professora permanecerá escrito em suas ruas e nos corações.
Enquanto aqui em Japaratuba os olhos brilham de saudade, em Aracaju, uma cena curiosa faz os passantes coçarem a cabeça. Não era um tenista improvável, mas uma capivara de olhar sereno que resolveu testar a quadra da Orla da Atalaia. Quem diria, a natureza se arriscando nos esportes urbanos, talvez procurando um espaço em um mundo que, aos poucos, lhe escapa entre os dedos. A capivara, agora em observação na Adema, nos faz pensar: será que estamos tão perdidos em nosso próprio habitat quanto ela em uma quadra de tênis?
A festa também se anuncia em Aracaju, com o Pré-Caju movimentando multidões e mais de 3,5 mil agentes de segurança pública. Em tempos de desconcerto, o carnaval fora de época surge como o desejo coletivo de exorcizar fantasmas e dançar como se o amanhã fosse um conceito vago. Os policiais se preparam para a missão de proteger a folia, enquanto nós, os foliões da vida, nos preparamos para proteger nossos sorrisos em meio aos atropelos cotidianos.
A justiça, por sua vez, trouxe um novo capítulo para os antigos limites entre São Cristóvão e Aracaju. Será que algum mapa, com toda sua frieza geográfica, conseguirá traçar o calor das relações humanas entre esses territórios? O IBGE tem a missão de colocar o lápis na linha divisória, mas quem nos dividirá é a história, e essa se desenha em traços sinuosos, imprecisos, muito além das linhas no papel.
Falando em linhas que se cruzam e se perdem, a Câmara, em Brasília, aprovou o marco dos seguros privados, uma promessa de novos ventos para o ambiente de negócios. Mais de 20 anos de discussões finalmente encontraram seu fim, mas, será que os ventos soprarão mesmo? Fica a dúvida, porque, assim como as apostas na Mega-Sena acumulada em R$ 140 milhões, sonhar com a sorte ou com políticas que beneficiem a todos é o alicerce de um país onde esperança é artigo de luxo.
E na França, os sonhos de Netflix e streaming sofrem um tropeço fiscal. Parece que, entre as maratonas de séries, os algoritmos se esqueceram de uma regrinha básica: o fisco sempre assiste, atento e curioso, pronto para cobrar pelo show. E o dólar que recua, o Ibovespa que sobe, o Brasil que dança ao ritmo de uma economia volátil, como se cada passo nas finanças fosse um improviso em uma coreografia sem maestro.
O Senado agora avalia outro espetáculo: o projeto de transparência das emendas, uma peça ensaiada entre os poderes, que promete clareza, mas quem sabe? A transparência, essa palavra tão usada, acaba sendo como um véu fino – você vê do outro lado, mas nada é nítido, nada é certo.
E longe daqui, no coração da Espanha, a maior enchente do século se abateu sobre a cidade de Valência. 89 pessoas ainda estão desaparecidas, arrastadas por um destino líquido, um rio de águas que não perdoa. Em meio às críticas ao governo, fica a constatação amarga: avisos prévios poderiam salvar vidas, mas, às vezes, é como se o alerta viesse com o eco da tragédia, tarde demais.
Em resumo, neste 05 de novembro de 2024, o mundo segue girando em sua dança trágica e cômica. Tristeza na partida de Dona Detinha , capivaras se aventuram, mapas que se redesenham, seguros que se regulamentam, fortunas que se acumulam, e enchentes que ceifam. Cada notícia é uma aula, cada fato é um professor, e nós, alunos, aprendemos entre risos e lágrimas. Que sigamos, então, nesta aula da vida, enquanto o sino toca, avisando que o próximo capítulo está para começar.