CRÔNICA
Crônica do Professor Antonio Glauber sobre as notícias do dia 03 de novembro de 2024
Um domingo de Enem.
As notícias do dia 03 de novembro de 2024
Por Antonio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE
Em pleno domingo de sol escaldante, enquanto muitos se entregam ao aconchego do sofá e à paz do lar, milhões de jovens em todo o Brasil mergulham no ritual anual do Enem, uma jornada épica com pitadas de drama, expectativa e suor. A primeira fase do exame é quase um Carnaval acadêmico, onde o bloco dos “ansiosos de última hora” se encontra com o bloco dos “serenos preparados”. E este ano, a redação trouxe um samba-enredo profundo: “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil.” Ah, tema rico, que toca as raízes e desafia o sistema a se repensar!
Na terra de Sergipe, palco de tantos capítulos da história afro-brasileira, quase 70 mil jovens empunharam suas canetas, travando uma batalha entre o que sabem e o que desejariam saber, numa dança de ideias que, se bem aproveitada, pode dar samba, maracatu e muito mais. Enquanto isso, a Polícia Federal se envolve no enredo, investigando se alguma fotografia saiu antes da hora – porque, afinal, no Brasil, até segredo de prova é visto como ‘spoiler’. Parece que alguém tentou sair mais cedo com o ouro da prova, mas foi pego no ato. No mínimo, uma trama digna de filme de espião.
Em Rondônia, a história ganha ares de novela familiar: uma mãe e um filho, lado a lado, inscritos no Enem. Ela, uma guerreira que resolveu inspirar o rebento; ele, aliviado ao encontrar na sala de aula o porto seguro de sempre. Poderia ser apenas mais uma história de incentivo, mas é um lembrete da saga de tantas mães brasileiras, que travam suas próprias batalhas, encorajando filhos e filhas a sonhar e acreditar.
Enquanto isso, no Planalto Central, o Presidente Lula, de olho nas telas da sala de monitoramento do Enem, celebra o aumento das inscrições. Há algo de simbolicamente poderoso nesse olhar vigilante – quase um pastor cuidando de suas ovelhas, ao menos no plano retórico. Mas, no fundo, o que se observa é um país dividido entre o sonho de um futuro educado e a realidade financeira que o puxa pelos pés.
E por falar em números, o ministro Haddad, pressionado pelas contas e por um cenário econômico de dar calafrios até em quem não entende nada de finanças, cancela seu giro pela Europa. Com a caneta numa mão e a calculadora na outra, tenta fazer o impossível: dançar o samba das contas públicas sem desafinar o orçamento. O mercado clama por austeridade, mas a realidade de quem paga as contas se afunda em dívidas e juros altos – o verdadeiro frevo dos desesperados.
Do outro lado do mundo, a Moldávia também dança em ritmo de incerteza. Em meio a denúncias de interferência russa, a presidente pró-Ocidente vence as eleições, almejando uma entrada na União Europeia. E como no tango geopolítico, o cenário é de tensão, interesses e uma nação dividida entre o abraço do Ocidente e o sussurro russo.
Ah, o mundo é um palco, e cada notícia é um ato dessa grande peça em que todos nós, atores e espectadores, tentamos entender onde exatamente está o ponto de virada. No Brasil, a herança africana na redação do Enem relembra que, para alguns, a luta é por memória e valorização, enquanto para outros a batalha é, desesperadamente, contra a calculadora. E, no fim, o que resta é uma ironia poética: enquanto a Moldávia olha para o futuro e nossos jovens escrevem sobre o passado, o Brasil tenta equilibrar os dois sem perder a esperança.