CRÔNICA
Crônica do Professor Antônio Glauber sobre as notícias da quarta-feira, dia 23 de outubro de 2024
O dia 23 de outubro de 2024 se desenhou como um mosaico de ironias e tragédias. Entre as urnas que esperam ser abertas, o combustível que nos empurra para frente, os impostos que pesam mais que os pecados e os céus que não se cansam de rugir, seguimos, nós, passageiros dessa nave chamada vida.
As Manchetes da quarta-feira, dia 23 de outubro de 2024
Por Antonio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE
Na dança das urnas, Aracaju se veste de expectativa. O segundo turno é como aquele filme repetido que a gente assiste de novo, mesmo sabendo o final, mas torcendo por um enredo diferente. O dia é de calmaria aparente, com serviços essenciais garantindo o ritmo do espetáculo democrático. A saúde segue pulsando, as forças de segurança em marcha, enquanto mil soldados cuidam do palco eleitoral. E aqui estamos nós, plateia ansiosa, torcendo para que o roteiro não traga mais do mesmo, que a cortina não caia sobre o velho ato de sempre.
Enquanto isso, lá no mundo do capital, o Banco Mundial, com sua gravata apertada, decide que pecar é caro. Chamam de “imposto do pecado”, como se fumar, beber e tomar refrigerante fosse a tentação primordial que deveria ser banida da Terra. Mas não se enganem, meus caros, a punição não vem como raios dos céus, e sim com o preço subindo mais rápido que a inflação. No fundo, o que se espera é que o pobre, que já tem seus pecados contados no fim do mês, largue o cigarro, a cervejinha e o refrigerante, como quem renuncia a um banquete que nunca foi servido.
E por falar em desilusões, a American Airlines está com a orelha vermelha. Multada em 50 milhões de dólares por maltratar passageiros com deficiência. Aqui, a ironia dança um tango desconcertante: a empresa que deveria levar seus clientes às alturas, não consegue sequer tratar bem aqueles que mais precisam de cuidado. Parece que a ideia de “voar alto” ficou no papel, enquanto os direitos dos passageiros ficaram amarrados no porão da negligência.
Nos postos de gasolina, o etanol, sempre fiel escudeiro da nossa frota, decide que também quer seu momento de glória – e sobe. Outubro trouxe a colheita farta, mas os preços decidiram tomar o elevador. O litro, que antes era amigável, agora sorri com um preço que não cabe no bolso. E assim seguimos, acelerando nossos carros ao som de um combustível que parece estar de olho no topo do pódio das commodities.
Lá no STF e no Congresso, a conversa anda longa. O projeto de transparência das emendas caminha, como uma maratona cheia de obstáculos, mas sem um horizonte muito claro. A velha novela das emendas segue com ares de mistério. O STF suspendeu os pagamentos, e agora cabe ao Congresso o papel de decidir o que fazer. Mas a trama é cheia de nuances, e as promessas de transparência brilham como vaga-lumes no escuro: encantam de longe, mas, quando nos aproximamos, a luz some.
E, por fim, no cenário internacional, os ventos da guerra não se acalmam. Explosões ressoam na Síria, em uma coreografia macabra de ataques aéreos. Israel e Síria trocam golpes, e a notícia de mais um soldado morto, sete feridos e prédios destruídos nos devolve à dura realidade do Oriente Médio. Parece que, por lá, o enredo nunca muda. A guerra é o protagonista incansável, e a paz, uma coadjuvante que só aparece para aliviar o público por breves momentos.
Assim, o dia 23 de outubro de 2024 se desenhou como um mosaico de ironias e tragédias. Entre as urnas que esperam ser abertas, o combustível que nos empurra para frente, os impostos que pesam mais que os pecados e os céus que não se cansam de rugir, seguimos, nós, passageiros dessa nave chamada vida, esperando por um desfecho que, quem sabe, nos traga um final menos amargo.