POLÍTICA

Cédula com 13 vezes Maduro, falta de transparência: eleição na Venezuela é projetada para confundir eleitores, diz oposição

Políticos de oposição questionam algumas práticas das autoridades eleitorais da Venezuela, como designar uma única urna para alguns locais de votação e colocar o nome do presidente mais de 10 vezes em cada cédula.

Cédula com 13 vezes Maduro, falta de transparência: eleição na Venezuela é projetada para confundir eleitores, diz oposição
Publicado em 27/07/2024 às 9:23

Imaginemos o cenário: um eleitor, atônito, depara-se com uma cédula eleitoral que mais parece um espelho quebrado, refletindo a face do líder supremo em treze fragmentos idênticos. Treze vezes Maduro, um número que transcende a simples repetição e adentra o terreno do surreal. Cada uma dessas faces, como um eco constante, tenta apagar a diversidade de vozes que deveriam ressoar naquele espaço.

Ao redor do palco, as urnas, limitadas em número, são mais que simples recipientes de votos. Elas são metáforas de um labirinto onde os eleitores vagam sem rumo, com a esperança de encontrar uma saída honesta sufocada pelas paredes invisíveis da manipulação. A logística cuidadosamente orquestrada, com locais de votação distantes e filas intermináveis, é a cortina de fumaça que obscurece a visão da verdadeira vontade popular.

A oposição, os coadjuvantes deste drama, bradam aos ventos suas denúncias de um sistema viciado. Mas suas vozes, embora fortes e carregadas de verdade, são abafadas pela maquinaria poderosa que controla o teatro eleitoral. Como atores que lutam contra um roteiro previamente escrito, tentam, de todas as formas, reescrever o desfecho de uma peça cujo diretor insiste em manter o final trágico.

Enquanto isso, os espectadores – a população venezuelana – assistem, não de uma poltrona confortável, mas das arquibancadas da vida real, onde as consequências do espetáculo são sentidas na carne. Cada voto, cada escolha, cada urna, é um ato de resistência contra a narrativa que lhes é imposta. E embora o cenário seja de incerteza e desconfiança, a esperança de um novo ato, de uma virada inesperada, persiste no coração daqueles que ainda acreditam no poder transformador do verdadeiro sufrágio.

Assim, o teatro eleitoral de domingo não será apenas mais uma eleição, mas um reflexo distorcido de uma sociedade que luta para se ver representada em um espelho honesto, longe das múltiplas faces de um líder que insiste em monopolizar o palco. E a história continua, esperando ansiosamente pelo momento em que o roteiro será finalmente reescrito por mãos livres e justas.

Por Antonio Glauber Santana Ferreira – Japaratuba-SE