ARTIGO

Adeus aos Dinossauros de Papel

Adeus aos Dinossauros de Papel
Publicado em 17/07/2024 às 14:17

No vasto reino das finanças, onde os números dançam em folhas brancas e as transações são seladas com um clique, uma notícia ecoou como o rugido de um T-Rex despertando de um sono milenar. As veneráveis primeiras notas do Real, aquelas que um dia foram o alicerce da economia, estão prestes a serem extintas.

Ah, o Real! Lembramo-nos dele como um jovem destemido, um cavaleiro de armadura brilhante que surgiu para resgatar o Brasil dos dragões inflacionários. As primeiras notas eram como heróis gravados em papel, com seus rostos nobres e seu valor inestimável. Mas agora, são relíquias, fósseis de uma era que insiste em se agarrar aos seus últimos suspiros de vida.

Imagine só, caro leitor, o drama dessas notas: moedas de um passado distante, à espera de serem recolhidas como velhos soldados convocados para a última batalha. Em uma gaveta esquecida, talvez ao lado de fotos amareladas e ingressos de cinema de filmes que nem lembramos mais, repousam notas de 1 real, testemunhas silenciosas de um tempo em que um pãozinho francês custava centavos.

As novas gerações, acostumadas a criptomoedas e transferências instantâneas, olham para essas notas com a mesma curiosidade com que observam um telefone de disco. “Para que servia isso?”, perguntam, enquanto seus avós suspiram, recordando dias em que aquele pedaço de papel valia um tesouro.

A ironia, é claro, está em como o ciclo da economia se parece tanto com a moda. Aquilo que um dia foi o auge do estilo e sofisticação, agora é apenas uma lembrança kitsch, algo que rimos e balançamos a cabeça. As primeiras notas do Real estão para a economia assim como ombreiras estão para a moda: peças icônicas de uma era que preferimos esquecer, mas que ocasionalmente retornam para nos lembrar de onde viemos.

E assim, assistimos a este adeus melancólico. Como folhas de um outono econômico, as notas caem, varridas pelo vento da modernidade. Elas se vão, não sem antes nos arrancar um último sorriso nostálgico, uma última lágrima de saudade. Adeus, heróis de papel. Que sua memória seja mais que uma nota de rodapé nos livros de história, mas uma melodia nostálgica nas memórias daqueles que um dia as seguraram.

Por Antonio Glauber Santana Ferreira

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