Reflexão
A Travessia do Labirinto: Entre o Encanto Fugidio da Felicidade e o Peso da Autotransformação
A Travessia do Labirinto: Entre o Encanto Fugidio da Felicidade e o Peso da Autotransformação
Na tessitura labiríntica da existência, jaz uma verdade implacável: a felicidade, essa miragem fugidia, não é senão o apogeu de uma árdua e solitária escalada. Imprevisível e exigente, ela demanda um tributo que muitos hesitam em pagar. E, no entanto, que encanto há em capturá-la, fragmentada e indomável, através das fissuras dos percalços diários!
Desembrulhar o enigma da felicidade requer o desapego das noções triviais que perpetuamos sobre a sua natureza. Não, ela não é um relicário estático, um prêmio derradeiro ao final da estrada, mas uma sucessão de epifanias efêmeras, costuradas nos entremeios das adversidades. Aceitar essa premissa é desvelar o segredo oculto do equilíbrio interior, um sutil acordo com a própria transitoriedade do contentamento.
Dura, todavia, é a disciplina das paixões desenfreadas, esse incessante esforço de podar os espinhos do ego inflado e permitir que floresçam os laços do altruísmo genuíno. É um ofício estoico, o de dominar os impulsos primitivos, as vontades desmedidas que nos prendem ao superficial, nos alienando do verdadeiro sentido de amar.
Em matéria de vínculos afetivos, requer-se uma quase sagrada abnegação, um zelo contínuo e uma honestidade que rasga máscaras. É preservar com nobreza as pontes afetivas que se constroem na breve travessia, regando-as com a água pura da integridade e do respeito mútuo. Nada menos do que isso dignifica o conceito de amor.
Lembra-te de que o sagrado se esconde nas frestas dos dias banais, pronto para nos amparar, embora exija de nós o ímpeto de prosseguir sem garantias absolutas. Sua presença é uma fagulha em meio à escuridão, mas é também um chamado à autorresponsabilidade, pois a plenitude pertence a quem se aventura a ser artesão do próprio destino.
Assim, caminhemos. Que a coragem e a gratidão nos sirvam de norte. Aceitemos com ânimo as tessituras inconstantes da existência, pois só àqueles que abraçam com denodo a senda da transformação é reservada a serenidade perene.
Por Antonio Glauber Santana Ferreira — Japaratuba-SE