Crônica

A Professora Heroína de Janaúba sua História deveria virar filme

A Professora Heroína de Janaúba sua História deveria virar filme
Publicado em 19/06/2024 às 16:14

A Heroína de Janaúba

Na memória coletiva de Janaúba, o dia 5 de outubro de 2017 é uma cicatriz indelével, um marco de dor e de coragem que deveria ser celebrado em tela grande, iluminado pela prata do cinema. A cidade, no recôndito norte de Minas, foi palco de um dos atos mais brutais da história recente, mas também da mais pura manifestação de heroísmo: Helley de Abreu Silva Batista, uma professora cuja coragem transcendeu a mortalidade.

Naquele fatídico dia, a rotina infantil da Creche Gente Inocente foi violentamente interrompida pelo vigilante noturno Damião Soares dos Santos, que invadiu o espaço, ateando fogo a si mesmo e aos cômodos da instituição. Em meio ao caos, ao pânico das crianças e aos gritos de horror, a figura de Helley emergiu como um farol de bravura e sacrifício.

Helley, ao ver o fogo se alastrando e as crianças em perigo, não hesitou. Em um ato que poucos conseguiriam imaginar, ela lutou contra o agressor, conseguindo salvar a vida de dezenas de pequenos, mesmo ao custo da sua própria. Com quase 90% do corpo queimado, Helley não apenas enfrentou a morte; ela abraçou o seu destino com uma dignidade e uma força que poucas vezes se testemunha.

O ataque terminou com a morte de 14 pessoas, sendo 10 delas crianças, mas a tragédia poderia ter sido ainda maior se não fosse pela intervenção da professora. Janaúba, hoje, vive sob o espectro daquele dia, mas também carrega com orgulho o nome de Helley de Abreu Silva Batista, eternizado no Centro Municipal de Educação Infantil (Cemei) que leva seu nome.

A história de Helley não é apenas a história de um sacrifício. É a história de um amor tão profundo e incondicional pelas crianças, pelo ensino, pela vida, que transcendeu o próprio instinto de autopreservação. O heroísmo de Helley deveria ser lembrado lembrado, contado e recontado no cinema.

Se há uma história que merece ser filmada, é essa. Não pela tragédia em si, mas pelo exemplo de coragem e altruísmo que Helley deixou como legado. Em um mundo onde o egoísmo muitas vezes reina, onde a indiferença pode ser paralisante, a lembrança de Helley é um lembrete de que a verdadeira grandeza está em colocar a vida dos outros acima da própria, em agir com amor incondicional, mesmo diante do horror mais absoluto.

Janaúba, com suas ruas simples e corações valentes, não deveria ser apenas lembrada pelo horror daquele outubro, mas pelo brilho da heroína que fez da sua própria vida um escudo contra a barbárie. O filme de Helley seria mais do que uma biografia; seria uma ode à coragem, um manifesto de humanidade e uma aula eterna sobre o que significa ser verdadeiramente humano.

Escrito por Antonio Glauber Santana Ferreira

Tópicos