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A injustiça que não dança

A injustiça que não dança
Publicado em 17/06/2024 às 23:53

A injustiça que não dança

A cidade de Japaratuba viveu um dia de grande decepção. A tradicional quadrilha Cangaceiros da Boa, orgulho e alma dos festejos juninos da região, não foi selecionada para a final do Festival de Quadrilhas Juninas da TV Globo. É uma injustiça que dói mais que um espinho de mandacaru cravado no coração.

Quem já viu os Cangaceiros da Boa em ação sabe que não se trata apenas de uma dança. É um espetáculo de cores, ritmos e narrativas. Cada movimento é um pedaço da história do sertão, cada passo é uma reverência às tradições e à cultura nordestina. O que a TV Globo ignorou, Japaratuba não esquece: a essência de um povo que se traduz no repique das sanfonas e no rodopiar das saias.

A comissão julgadora, talvez imersa em critérios técnicos e frios, não percebeu a alma que se esconde atrás de cada ensaio, de cada figurino cuidadosamente bordado, de cada sorriso rasgado de alegria ou lágrima de emoção. A decisão, para eles, pode ter sido apenas uma questão de pontos, mas para nós, é uma ferida aberta na alma da nossa cultura.

Não é a primeira vez que a arte e a tradição se veem subjulgadas por decisões que desconsideram o imponderável, o invisível aos olhos, mas que fala direto ao coração. Talvez seja hora de lembrar que festivais são mais que competições; são celebrações da diversidade e da riqueza cultural de um povo.

Que esta injustiça não desanime os Cangaceiros da Boa. Que eles continuem a levar a magia das suas apresentações para cada arraial, cada quermesse, cada recanto onde ainda se ouça o forró. Porque a verdadeira vitória não está em um troféu ou em uma transmissão de TV, mas no brilho nos olhos de quem dança e de quem assiste.

E que Japaratuba continue a aplaudir seus heróis, pois o verdadeiro valor de uma quadrilha não está em um pódio, mas no coração de sua gente.

Escrito por Antonio Glauber Santana Ferreira

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