CRÔNICA
Crônica do Dia: “Um Pedaço de Hoje”
Nessa quinta-feira, 11 de julho de 2024, o mundo se assemelha a um caldeirão fervente, onde o inesperado e o cotidiano se misturam em uma receita temperada com ironia e humor. Se formos à Aracaju, descobriremos que a Fundat lançou um cardápio de oficinas online com 1.300 vagas, o que, em tempos digitais, é como oferecer uma cumbuca de água no deserto. As inscrições, claro, são feitas presencialmente na rua João Pessoa, mostrando que a modernidade, por vezes, anda de ré.
E por falar em deserto, o Atacama floresce em meio às chuvas, um milagre que faz a primavera europeia parecer uma plantação de cactos. A natureza, em sua ironia, resolve nos lembrar que o improvável é sempre uma opção. Cientistas coçam suas cabeças, culpando as mudanças climáticas, enquanto os habitantes locais simplesmente se maravilham com o espetáculo floral.
Enquanto isso, em Sergipe, menos de 40% do público-alvo foi vacinado contra a dengue. Talvez seja porque a vacinação contra uma doença tropical num estado tropical soe tão exótica quanto vender gelo no Alasca. Ou talvez, e só talvez, as pessoas estejam ocupadas demais tentando entender por que precisam se vacinar contra algo que, até ontem, parecia um problema dos outros.
Nos corredores do poder, o presidente Biden, em uma coletiva de imprensa que mais parecia um stand-up comedy, reafirmou sua candidatura à presidência dos EUA. Em um momento de brilhante clarividência, confundiu Kamala Harris com Trump e negou que esteja indo dormir mais cedo, o que certamente aliviou os preocupados com o tempo de sono do homem mais poderoso do mundo. “Sou testado todos os dias”, disse ele, e certamente, todos nós sentimos isso.
Em Brasília, uma pizzaria fatura R$ 280 mil por mês vendendo um único sabor de pizza: queijo, molho e orégano. Talvez o segredo do sucesso seja a simplicidade, ou talvez seja a resistência do dono em ceder à pressão de inovar. Em tempos de gourmetização de absolutamente tudo, um cardápio fixo soa quase revolucionário.
A Câmara dos Deputados, por sua vez, aprovou uma proposta que permite utilizar recursos públicos para pagar multas de partidos, porque, afinal, nada diz mais “Brasil” do que financiar a irresponsabilidade com dinheiro do contribuinte. O texto segue para o Senado, onde, quem sabe, seja reescrito em uma fonte de menor descaramento.
Em Paris, a prefeitura está “redistribuindo” os sem-teto para outras cidades antes das Olimpíadas. É um truque de mágica social: abracadabra, os pobres desaparecem! Pena que eles não desapareçam de verdade, só mudam de cenário, como figurantes de um filme do qual não pediram para participar.
Para fechar o dia com um toque de realeza, o Palácio de Buckingham abriu suas salas para visitas públicas pela primeira vez em 175 anos. Ingressos? A partir de R$ 520. Mas não se preocupe, as entradas para este ano já se esgotaram, provando que, mesmo em tempos de crise, a curiosidade sobre os segredos da nobreza ainda vale o peso de um bom pedaço de queijo inglês.
E assim, no compasso das notícias do dia, vamos navegando entre absurdos e rotinas, enquanto a realidade continua a nos brindar com sua inigualável capacidade de surpreender.
Por Antonio Glauber Santana Ferreira