POESIA
O VENTO
POESIA
Vento
Ó, vento, ardente sopro celeste,
Que das cavernas etéreas te ergues,
E com vigor titânico investes
Nas campinas, florestas e vergues.
És tu, bramido etéreo, arcano volúvel,
Que em riste levantaste os mares
Como Atlante que, em pulsar intrépido,
Sustenta o firmamento e os seus azares.
Com asas invisíveis, voas e vibras,
Desencadeias tempestades de léxico arcano,
Sussurras segredos em cantigas libas,
Em verve poética de encanto insano.
Ó, suspiro dos deuses, hálito divino,
Que no alento de Eolo se manifesta,
Transfigura as planícies em oceano de plumas,
E nas cordilheiras, tua força se testa.
Em teus braços de ar, cinge as folhas
Que, em dança frenética, reverenciam
O teu poder invisível, ó força que molha
Com néctar dos céus, as almas que te vigiam.
És a voz oculta, trovador do firmamento,
Que em hipérbole arrasta as nuvens cárdenas,
E no êxtase das hipérboles, o tormento
Transforma em epopeias de brisas pétreas.
Ó, vento, arquétipo de liberdade inefável,
Que nos confins do cosmo estendes teus laços,
Leva-me em teus braços, num turbilhão insondável,
Para além das estrelas, além dos espaços.
Autor: Antonio Glauber Santana Ferreira