Crônica

Nações Brincando de Amiguinhos

Nações Brincando de Amiguinhos
Publicado em 19/06/2024 às 16:35

Nações Brincando de Amiguinhos

Numa época onde os acordos internacionais se parecem mais com trocas de figurinhas do que com tratados sérios, Vladimir Putin e Kim Jong-un decidiram brincar de “melhores amigos para sempre”. Nesta quarta-feira, dia 19, os dois líderes, com um sorriso que só se vê em quem trocou segredos de recreio, assinaram um acordo de defesa mútua.

Imagine a cena: Kim Jong-un, com aquele corte de cabelo que desafia as leis da moda e da física, e Putin, sempre com o semblante de quem acabou de ganhar no xadrez, apertando as mãos como se fossem personagens de uma novela das oito. “É um pacto pacífico e defensivo”, disseram eles, com a convicção de quem oferece paz enquanto esconde o estilingue no bolso de trás.

Para os observadores atentos, a jogada é clara. Putin, sempre à procura de insumos militares como quem procura ingredientes raros para uma receita, vê na Coreia do Norte uma despensa estratégica. E Kim, claro, quer garantir que sua fábrica de fogos de artifício nucleares tenha um fornecedor de confiança. Um dá o peixe, o outro ensina a pescar… ou melhor, um dá o míssil, o outro ensina a lançar.

Este pacto não é apenas um aceno entre dois líderes exóticos, mas uma verdadeira dança das cadeiras da geopolítica. Com um passo ensaiado, eles revivem a parceria da Guerra Fria, aquela festa que ninguém queria ir, mas que, aparentemente, nunca acaba. A Rússia e a Coreia do Norte agora se protegem contra as “agressões” de terceiros, enquanto o mundo observa com o mesmo interesse que se tem ao ver duas crianças construindo um castelo de areia, sabendo que a maré logo vai destruir tudo.

Putin, na sua primeira visita a Pyongyang em 24 anos, falou sobre “lutar contra a hegemonia dos Estados Unidos”. É como se estivesse propondo um jogo de futebol onde eles são o time dos subestimados. “A Rússia e a Coreia do Norte, juntos, contra os grandões do Ocidente!” Quem diria que a nostalgia da Guerra Fria renderia tanta criatividade?

No fim, enquanto os líderes brindam com vodka russa e soju coreano, o mundo aguarda, entre a perplexidade e o humor, o próximo episódio dessa novela geopolítica. E assim seguimos, com alianças que parecem mais peças de teatro do que estratégias de Estado. No palco da política internacional, Putin e Kim são os protagonistas de um espetáculo onde a realidade é, por vezes, mais surreal do que a ficção.

Escrito por Antonio Glauber Santana Ferreira